O Dia Mundial de Doação de Leite Humano, celebrado nesta quinta-feira (19), é uma iniciativa para a proteção e promoção do aleitamento materno. A data também chama a atenção da sociedade para a importância da doação de leite para os Bancos de Leite Humano (BLH).
O BLH é um serviço especializado em oferecer ações de apoio, proteção e promoção do aleitamento materno, dedicando-se à assistência das mães e dos bebês durante o processo de amamentação. Além disso, executa atividades de coleta, seleção, classificação, processamento, controle de qualidade e distribuição do leite materno doado voluntariamente por mães.
Os bebês prematuros, considerando a sua condição de saúde e de internação, têm dificuldades de sugar o leite materno. Por isso, o leite humano do banco de leite é a melhor opção para alimentação de crianças internadas que, por algum motivo, não podem ser amamentadas diretamente no seio materno. A doação de leite materno pode ser feita por mães saudáveis que estejam amamentando seus filhos. Um frasco de leite materno pode ajudar a alimentar até dez bebês.
“O leite materno protege contra infecções importantes e evita que crianças prematuras tenham complicações, e traz diversos benefícios para os bebês prematuros e de uma forma geral. Mas, em especial para os bebês de risco que estão mais propensos ao óbito, por conta da fragilidade em que se encontram”, disse a coordenadora do Centro de Aleitamento e Banco de Leite da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), professora Kelly Pereira Coca.
Como doar
Para ser uma doadora, basta estar saudável e apresentar produção láctea maior do que as necessidades do próprio bebê. Para isso, basta entrar em contato com o banco de leite humano mais próximo do domicílio para fazer a doação.
“A partir do momento que a mulher se interessa pela doação, a gente faz o rastreamento, avaliação dos exames, da saúde, a identificação se faz algum uso de medicação e analisa se tem alguma restrição. Não havendo restrição, ela recebe todas as informações quanto ao armazenamento e extração do leite. Ela não precisa ir até o banco extrair o leite para doar. Ela entra em contato conosco e vamos direcioná-la, porque a doação também é regionalizada, temos bancos de leite distribuídos por todo o Brasil”, disse a professora Kelly.
Para saber onde doar em seu estado, acesse o site da Rede Global de Bancos de Leite Humano.
Em Natal, uma das referências no atendimento infanto-juvenil é o Hospital Infantil Varela Santiago. A unidade, porém, está com o estoque de leite materno zerado, apesar de ter 10 UTIs Neonatal totalmente ocupadas. “Tem semanas que o estoque está bom, a gente tem quatro, cinco frascos. Essa é uma semana que a gente está com o estoque zerado”, diz a nutricionista da unidade, Rossane Mello.
Além do leite materno, o hospital necessita também de fórmulas e suplementos infantis. “A gente faz um trabalho quase diário solicitando essa doação à população. Muitas crianças ainda se alimentam tanto via oral, de dietas livres, como na parte de fórmulas e suplementos”, diz Mello. “Então a gente sempre está reforçando a necessidade da doação para manter essas crianças nutricionalmente mais amparadas, porque fora do ambiente hospitalar muitas famílias vem de renda mais baixa e às vezes não tem condição de ofertar à criança um suporte nutricional adequado”.
O déficit de leite humano, entretanto, não atinge somente o Hospital Varela Santiago. Na capital potiguar, a situação da Maternidade Escola Januário Cicco é parecida. A unidade precisa, em média, de 12 litros de leite materno diariamente. Hoje, o estoque só atende 50% dessa demanda. A maternidade sofreu ainda uma queda de 15% no recebimento do leite. De janeiro a abril de 2021, a unidade possuía 960 litros, vindos de 485 doadoras. No mesmo período deste ano, o número de doadoras se manteve igual, mas o estoque caiu para 810 litros. Em 2021 inteiro, o MEJC arrecadou 2.756 litros de 1.500 mulheres.
Com informações da Agência Brasil e Tribuna do Norte
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