Últimas histórias

  • Sobre

    Pesquisadores da UFRN patenteiam tecnologia que pode ser usada como veias artificiais

    A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) receberam no último dia 16 o patenteamento de nova tecnologia que pode ser empregada no desenvolvimento de próteses para implantes ósseos, neurais (sistema nervoso periférico) e vasculares, com boa capacidade de promover a regeneração de vasos sanguíneos, angiogênese e adaptação biomecânica aos tecidos nativos. Esses possíveis componentes artificiais, após promoverem o crescimento e proliferação celular do tecido local, são substituídos totalmente pelo tecido nativo com a reconstituição e simultânea decomposição em ambiente biológico no corpo do paciente. O grupo de autores da descoberta é formado por Rógerson Rodrigues Freire Ramos, José Daniel Diniz Melo e Eliton Souto de Medeiros.

    Rógerson esclarece que o dispositivo criado trata de componentes empregados no processo de fabricação de nanofibras por meio da técnica de fiação por sopro em solução. “A patente não é a prótese nem o implante, que fique claro. O objeto da concessão é um processo capaz de conformar nanofibras em túbulos, como canudinhos, fabricados com materiais bioreabsorvíveis que podem vir a ser utilizados como veias artificiais. Então, você está com algum problema vascular, uma veia entupida no coração, ao invés de tirar a ponte de safena da perna, utiliza-se esse tubinho, que pode se adequar às dimensões de qualquer componente do sistema vascular, reduzindo o número de intervenções cirúrgicas necessárias para o tratamento do paciente, que teria o vaso sanguíneo reconstituído totalmente com o crescimento celular do tecido natural, e decomposição in situ da prótese”, explica Rógerson Ramos.

    O pesquisador pontua que, durante o estudo, foi feita a análise mecânica dos canudinhos, que puderam ser produzidos com uma variedade de dimensões, capazes de se encaixar em qualquer componente do sistema vascular. Hoje professor do Departamento de Engenharia Têxtil da UFRN, Ramos pontua que foram desenvolvidos uma matriz de fiação, com múltiplos bicos de alimentação e um coletor intermediário de formato cônico. As estruturas são criadas a partir daí, com movimentos de rotação para que se adquira a forma helicoidal das nanofibras ao longo da estrutura tubular. 

    “Esses dispositivos, aliados a etapas posteriores de extração e tratamento térmico, proporcionam a obtenção de estruturas tridimensionais com boa estabilidade mecânica e capacidade de adaptação morfológica. Isso significa que, ao fim do processo, a prótese é degradada totalmente e eliminada por rotas metabólicas sem que haja prejuízo ao paciente, permanecendo o tecido natural reconstituído”, relata Rógerson. Na época em que aconteceu o depósito do pedido de patente, em 2017, o professor era doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UFRN, enquanto que os testes ocorreram no Laboratório de Materiais e Biossistemas, vinculado à Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da UFPB.

    Orientador da pesquisa, José Daniel Diniz Melo situa a importância do dispositivo pela sua capacidade de produzir materiais nanoestruturados, tridimensionais, com boa estabilidade dimensional e controle morfológico refinado. Esse domínio é baseado numa disposição fractal, ou seja, que se repete desde as interconexões nanométricas entre as fibras, passando pela microestrutura até o aspecto visual macro, perceptível a olho nu. 

    Atualmente reitor da UFRN, Daniel Diniz acredita que a busca pelo patenteamento dentro do âmbito acadêmico estimula nas instituições de ensino e pesquisa o desenvolvimento de novas tecnologias por meio da proteção à propriedade intelectual, “o que vai fomentar o interesse dos alunos por investigações científicas e contribuir para o desenvolvimento tecnológico nacional, a formação intelectual e a capacitação profissional da população acadêmica”, cita.

    Pesquisa que não para

    Nessa perspectiva, atualmente estão sendo desenvolvidos, no Laboratório de Nanofibras (Lanan), do Departamento de Engenharia Têxtil da UFRN, novos dispositivos para produção de materiais nanoestruturados com diversas aplicações envolvendo a área médica. Entre esses está a produção de scaffolds para reconstituição celular de tecidos biológicos e curativos com liberação controlada de fármacos, além da área tecnológica, como filtros para tratamento de efluentes com capacidade de adsorção de corantes e metais pesados.

    “Desse ativo de que estamos recebendo o patenteamento definitivo agora, existe um protótipo que hoje é utilizado como base para o estudo de novas tecnologias em fabricação de materiais nanoestruturados, além da sequência e melhoria das estruturas tubulares obtidas até aqui”, descreve Rógerson. Ele acrescenta ainda a possibilidade de incorporação de fármacos para liberação controlada como antibióticos e anti-inflamatórios, além de óleos e extratos essenciais, ampliando assim a capacidade terapêutica e o universo de aplicação desses produtos.

    Patenteamento

    A concessão recebida por Rógerson Ramos, Eliton Medeiros e Daniel Diniz recebeu o nome de Sistema de produção de mantas tubulares não tecidas a partir de micro e nanofibras obtidas por fiação por sopro em solução. Patente é um direito exclusivo sobre uma invenção ou criação industrializável, concedido por órgão público oficial – no caso do Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). 

    A concessão da patente significa que o Instituto reconheceu o ineditismo da pesquisa, bem como sua aplicação industrial e atividade inventiva. Ter a patente de uma nova tecnologia significa ter o direito de impedir terceiros de a produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar o produto objeto de patente ou processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado sem o seu consentimento.

  • Sobre

    Revista da CGU recebe até dia 18 de julho trabalhos sobre ciência de dados

    Quase 5 bilhões de pessoas usam a internet em todo o mundo. De acordo com o estudo Digital 2022: Global Overview Report, os 4,95 bilhões de usuários representam 62,5% da população mundial, que usa a rede para se entreter, ver notícias e se informar. São pessoas, empresas e órgãos governamentais produzindo informação e disseminando-a na rede. Mas como filtrar e interpretar toda informação que é produzida? Para isso surge a ciência de dados.

    No setor governamental esse trabalho aumenta a transparência na administração pública, o controle e a fiscalização social, diz a pesquisadora em Inteligência Artificial do departamento de Ciência de Computação do ICMC/USP, Solange Oliveira Rezende. Segundo ela, há um grande esforço para melhorar a Política de Dados Abertos, para disponibilizar dados abertos governamentais. Para o engenheiro da computação Alex Lopes Pereira, a ciência de dados na administração pública tem grande potencial para melhorar a efetividade da atuação do poder público e a ajudar os brasileiros a tomar melhores decisões.

    Para debater esse assunto, a Controladoria Geral da União (CGU) está colhendo trabalhos para o dossiê especial Ciência de Dados na Administração Pública: Desafios e Oportunidades. A chamada fica aberta até 18 de julho.

    Serão aceitos artigos científicos, ensaios revisionais ou relatos técnicos em áreas como: ciência de dados e auditoria governamental; ciência de dados e a avaliação de políticas públicas; inovações tecnológicas de gestão pública decorrentes da pandemia e aplicações para governo eletrônico.

    De acordo com a editora da revista, Flávia Lemos Xavier, o objetivo da publicação passa por três eixos: indutor em temas do interesse da CGU, conector com a comunidade científica e inovador ao fomentar a aplicação do conhecimento para a prática administrativa. “A revista é parte da gestão estratégica do conhecimento da CGU, com influência em toda a administração pública”, disse.

    Os interessados podem obter mais informações pelo site da revista da CGU

    Agência Brasil

  • Sobre

    Governo propõe novo marco legal para a ciência no RN

    A governadora Fátima Bezerra encaminhou à Assembleia Legislativa projeto de lei complementar que institui a Política Estadual de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação do Rio Grande do Norte (PEDCTI/RN), organiza o Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI/RN), define procedimentos, normas e incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no âmbito estadual.

    Mais do que tornar o Estado moderno e eficiente em leis e normas relacionadas à ciência com vistas a garantir segurança jurídica nessa área, o projeto propõe o fortalecimento do Fundo Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundet), criado pela Constituição do Estado de 1989 e regido pela Lei Complementar 118/1993 e alterações promovidas posteriormente. A gestão da nova política será feita pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Sedec), que passará a se denominar Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da Inovação.

    Para o secretário da Sedec, Jaime Calado, a proposta do governo é fundamental para o desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Norte porque, além de promover a integração de tudo o que existe nessa área, cria um fundo específico para o financiamento da pesquisa. “Existia um fundo de ciência e tecnologia desde a promulgação da constituição estadual (em 1989), mas nunca funcionou como devia. “Agora, sim, com essa proposta da governadora Fátima Bezerra, pela primeira vez vai ter dinheiro”, assegurou. 

    Jaime esclarece que toda a linha de inovação, inclusive na governança, será impactada positivamente: “Com isso, todo o sistema se abre para que empresas, prefeituras, estado, instituição participem do processo. Tudo nessa lei é no sentido de aproximar governo, empresas, academia e a sociedade, um compromisso da governadora”, explicou.

    O projeto de lei passou pelo processo de consulta pública e ampla discussão com atores e entidades do ecossistema estadual de inovação, Fórum dos Reitores das Universidades Públicas do Rio Grande do Norte e entidades de representação empresarial do Estado, bem como foi aprovado pelo Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Conecit/RN).

    Também será alterado o nome da Fapern, que passará a ser denominada Fundação de Amparo e Promoção à Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio Grande do Norte, sendo a instituição estratégica em todo o processo, pois é o órgão executor do Fundet, em articulação com todo o Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, que também será regulamentando.

    De acordo com o diretor-presidente da Fapern, Gilton Sampaio de Souza, a nova legislação agrega o que há de mais moderno na área da inovação, pesquisas ambientais, o aparato ligado às startups e às incubadoras, leis modernas que o RN não tinha. Além disso, ressalta ele, cria as unidades setoriais de ciência, tecnologia e inovação, aproxima as universidades públicas das empresas, define a questão do parque científico e tecnológico, entre outras iniciativas importantes e fundamentais para o Rio Grande do Norte.

    “Este Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação tornará o RN mais ágil e mais eficiente nas tramitações processuais e ações de sua área, dando um grande salto de qualidade, modernização e civilização. Esse projeto de lei se configura, em última instância, como um marco civilizatório para o Rio Grande do Norte. É algo muito grandioso para nosso Estado e simbólico nesse momento em que [o governo federal] tenta detonar o Fundo Nacional de Ciência. O RN, ao contrário, está fortalecendo, regularizando e destinando recursos”, observou Sampaio.