A Comissão de Educação da Câmara Municipal de Natal debateu nesta terça-feira (31) sobre a necessidade do ensino de espanhol nas escolas. A audiência antecedeu a reunião da comissão na qual foram aprovados seis Projetos de Lei e uma nota de repúdio contra o corte de verbas nas instituições de ensino federais por parte do Ministério da Educação.
“Nos posicionamos porque somos contra qualquer corte de verbas para educação, porque compromete o próprio acesso dos estudantes. Além disso, debatemos sobre a exclusão do ensino espanhol uma vez que isso também nos afasta da nossa identidade latino americana. Vamos procurar nos reunir com as secretarias municipal e estadual de Educação para estudar a possibilidade de termos o ensino do espanhol nas escolas, inclusive em cursos de capacitação ofertados pela Assistência Social”, explicou a vereadora Brisa Bracchi (PT), presidente da comissão.
O ensino do espanhol deixou de ser obrigatório em 2017. Atualmente, escolas particulares oferecem a disciplina e, no ensino público, apenas no Ensino Médio há a opção dessa língua estrangeira na grade. “É algo que jamais deveria acontecer e que amplia a desigualdade. O aluno da escola privada tem acesso e o aluno da escola pública não tem”, pontuou o vereador Robério Paulino (PSOL).
A coordenadora de licenciatura em letras e espanhol do IFRN, Maria Velasco, relatou que isso afetou o mercado de trabalho e também a formação doa estudantes. “O mercado se estreitou e praticamente sumiu, levando efeitos ao turismo, ao comércio, à comunicação. Lutamos para que o município crie uma lei que possa incluir a disciplina de espanhol a partir das últimas séries, estendendo-se para todas”, disse ela.
“Recebemos com frequência integrantes da comunidade hispanohablante e temos uma cadeia de turismo que se beneficia disso. É pertinente termos o ensino da disciplina desde o ensino fundamental porque é a melhor fase para o aprendizado dos sons e fonemas do idioma. Além disso, 60% dos estudantes escolhem o espanhol para a prova de línguas do Enem”, argumentou Thiago Marques Macedo, coordenador geral Centro Acadêmico do IFRN.
Projetos
Ainda na reunião da comissão, os vereadores aprovaram seis projetos de lei, dentre esses o de n°162/2022, de autoria do vereador Aroldo Alves (PSDB), para a promoção da cultura oceânica nas instituições públicas; o de n° 264/2021, do vereador Eriko Jácome (MDB), para a criação da biblioteca municipal digital; o de número 675/2022, da vereadora Nina Souza (PDT), que institui o Padre Thiago Theisen como patrono da educação infantil do município; e o de n° 408/2021, da vereadora Brisa Bracchi, que institui a política de capacitação da mulheres artistas.
Os vereadores Bispo Francisco de Assis (Republicanos), Anderson Lopes (SD) e a vereadora Júlia Arruda (PCdoB) também participaram da reunião.