Depois de denunciar casos graves de assédio moral e sexual na UFRN durante a última reunião do Conselho Superior de Administração (CONSAD) e em suas redes sociais, o Diretório Central dos Estudantes – DCE José Silton Pinheiro está convocando um ato público para esta terça-feira, 26, às 9h no prédio da Reitoria por uma política efetiva de acolhimento às vítimas, investigação e punição aos assediadores na UFRN.
Segundo o DCE, após a denúncia de assédio na Escola de Música – EMFURN, surgiu uma quantidade assustadora de relatos de estudantes que, muitas vezes, são obrigadas a abandonar os cursos por falta de uma política efetiva de proteção às vítimas e punição aos assediadores.
Uma das maiores reclamações dos alunos é a de que essa insustentável situação se arrasta há anos em toda a Universidade e nada é feito de concreto para resolver o problema nem acolher as vítimas.
A denúncia da EMUFURN
Segundo o DCE, por volta de abril de 2022, o Madrigal da UFRN (projeto de extensão de coral universitário) retornou às suas atividades e ensaios presenciais na Escola de Música. Infelizmente, esse retorno veio acompanhado de diversos casos de assédio direcionados especialmente às mulheres do coral. O professor substituto (maestro do coral), que já foi denunciado na Ouvidoria da UFRN por assédios morais e sexuais em 2018, vem perseguindo cerca de 5 coralistas.
Uma delas, sofrendo com os assédios morais e constrangimentos em público desde o retorno presencial, começou a ter fortes crises de ansiedade e de Herpes Zoster, ambos causados por stress e por consequência, faltando alguns ensaios. Relatando o ocorrido aos seus superiores, foi novamente assediada moralmente e escutou que estava mentindo, que não rendia nas performances pelos problemas de saúde pessoais e que isso não tinha relação alguma com as violências que vinha sofrendo do maestro do coral. Nessa mesma ocasião, após ser agredida verbalmente, essa aluna (bolsista remunerada), comunicou que estava considerando sair do projeto pois não aguentava mais tanto descaso. A Coordenadora Geral do mesmo interviu e pediu que ela refletisse sobre essa decisão com mais calma. Dois dias depois, a aluna teve sua bolsa cortada unilateralmente, perdendo as condições de se manter na universidade e sendo punida por denunciar.
Ainda de acordo com o DCE, já são mais de 6 denúncias institucionalizadas e 10 informais contra o mesmo professor que não foram pra frente pois hoje a UFRN não tem uma política de anti-assédio que formalize no amparo às vítimas, e sim no acobertamento dos assediadores.