“Janeiro Roxo” marca o mês de conscientização sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce da hanseníase, uma iniciativa do Ministério da Saúde, em 2016, em busca de incentivar campanhas educativas para combater a doença. Assim, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio do Programa Estadual de Controle da Hanseníase do Rio Grande do Norte – PECH/RN, reforça, neste mês, a mobilização para o enfrentamento da doença, envolvendo gestores, profissionais de saúde e a população em geral, realizando capacitações e debatendo sintomas.
“O objetivo do Janeiro Roxo é dar maior visibilidade ao tema. Além de ser bastante silenciosa, a hanseníase ainda é uma doença que carrega muito estigma e, dessa forma, muita gente não procura cedo o diagnóstico e, consequentemente, não realiza o tratamento. Isso acaba provocando as incapacidades, que não são apenas físicas, mas também sociais e emocionais. Por isso é tão importante se discutir o tema, e enfatizar que a doença tem cura e o quanto antes diagnosticada, melhor”, destacou Wilka da Silva, responsável técnica pelo Programa Estadual de Controle da Hanseníase.
O Hospital Giselda Trigueiro (HGT), referência no atendimento aos casos mais graves da hanseníase no RN, vem durante todo este mês realizando atividades educativas, na Sala de Espera da unidade, e na próxima sexta-feira (20) terá o dia D das ações desenvolvidas no hospital, com um evento das 9h às 11h, no Instituto de Medicina Tropical, ao lado do HGT. Haverá palestra com Dr. Maurício Lisboa Nobre e depoimentos de pacientes e ex-pacientes acometidos pela doença. Também será oferecido um café da manhã, bem como sorteio e entrega de brindes. O evento foi organizado pelo Grupo de Autocuidado em Hanseníase do HGT, em parceria com Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase.
Dados
No Rio Grande do Norte, no período de 2013 a 2022, foram diagnosticados 2.246 casos novos de hanseníase, o que corresponde a uma média de 224 casos novos/ano. Em 2022, foram registrados 156 casos novos no estado, sendo 51 na Região de Mossoró e 43 na Região Metropolitana. Entre as notificações em 2022, 14 casos apresentaram Grau II de incapacidade física no momento do diagnóstico, caracterizado por lesões mais graves nos olhos, mãos e pés, o que evidencia um diagnóstico tardio.
Dos 156 casos notificados em 2022, cinco foram em menores de 15 anos de idade, residentes em Baía Formosa, Governador Dix-Sept Rosado, Mossoró, Nova Cruz e Parnamirim. A presença de hanseníase nessa faixa etária normalmente está vinculada à transmissão intradomiciliar, pois a doença tem um período de incubação prolongado, de forma que os contatos num mesmo domicílio são um importante meio para a manutenção da endemia.
Os municípios do RN com maior número de casos novos acumulados nos últimos 10 anos são: Mossoró, Natal, Parnamirim, Nova Cruz, São Gonçalo do Amarante, Macau, Caicó, Patu, Cruzeta e Santo Antônio. Mossoró e Natal historicamente lideram essa lista. 28 municípios potiguares foram silenciosos nos últimos 10 anos, não notificando nenhum caso.
A hanseníase
A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés. Pode causar deformidades físicas, caso o paciente não seja diagnosticado precocemente e o tratamento não seja realizado de forma oportuna.
A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase e sem tratamento elimina no ar o microrganismo, por meio da fala, tosse ou espirro. A hanseníase pode aparecer de diversas formas, dependendo do organismo. Pode se manifestar como mancha esbranquiçada, avermelhada ou amarronzada, única ou múltiplas.
As lesões são bastante distintas entre si e podem ser confundidas com outras doenças de pele, por isso é imprescindível não se autodiagnosticar ou automedicar e sempre consultar um médico na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima à sua casa, se tiver qualquer suspeita de estar com hanseníase.
Tratamento
A doença tem cura e o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento gratuitamente, desde o diagnóstico, nas Unidades de Saúde da Atenção Primária.
O tratamento é realizado com a poliquimioterapia, uma associação de antibimicrobianos, recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Os medicamentos são seguros e eficazes. O paciente deve tomar uma dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde e as doses diárias são realizadas pelo próprio paciente. O tratamento dura 6 ou 12 meses, de acordo com a classificação da doença.
Ilustração: Freepik