A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), lançou o primeiro edital voltado às mães pesquisadoras, para apoio a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. A iniciativa tem o intuito de garantir oportunidades para a progressão e permanência das mães na carreira científica, cuja trajetória sofre impactos nos anos seguintes ao nascimento ou à adoção dos filhos. A submissão de projetos está disponível até o dia 30 de abril, por meio do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa).
“A maternidade é uma das experiências mais transformadoras da vida, mas pode se tornar um obstáculo na trajetória acadêmica e científica de uma mulher”, afirma a pró-reitora de Pesquisa da UFRN, Silvana Langassner, que acompanha esse tema há anos, inclusive o movimento Parent in Science, que tem se comprometido com a causa da equidade de gênero na academia e na ciência. De acordo com a pró-reitora, a sub-representação feminina na academia é um fenômeno amplamente documentado e persistente, que reflete desigualdades estruturais enraizadas em muitas áreas da academia, em especial em campos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Na UFRN, o levantamento mais recente revelou que 65% dos bolsistas de produtividade são homens, enquanto os 35% restantes representam as mulheres. Diante desse contexto, Silvana Langassner propôs à equipe da Propesq o lançamento de um edital para apoiar as mães pesquisadoras, ideia que foi acolhida e abraçada pelos servidores e bolsistas da pró-reitoria. A participação no edital é voltada às docentes da UFRN que sejam mães de crianças de até 12 anos de idade, ou de filho(a) com deficiência sem limite de idade.
Os auxílios serão financiados com recursos do Fundo de Pesquisa da UFRN, no valor global de R$ 300 mil. As propostas aprovadas receberão financiamento individual de R$ 30 mil. De acordo com Silvana Langassner, a iniciativa se consolida como o primeiro passo para novas ações institucionais voltadas à igualdade de gênero nas atividades acadêmicas.
“Como mãe e pesquisadora, eu senti muito o impacto depois que meus filhos nasceram. Foi difícil dar continuidade à vida de pesquisadora e conciliar a maternidade com a vida profissional. Por isso, precisamos de ações públicas para reconhecer o trabalho invisível que há por trás das mães e como isso vai impactar na carreira. Se não tivermos ações para impulsionar mães e pais solo, que entram na mesma categoria, sempre teremos desigualdade de gênero na academia”, defende a pró-reitora.
Outras informações sobre a seleção estão disponíveis no edital, que pode ser acessado aqui.