Mirella Lopes- Agência Saiba Mais
O território que hoje corresponde à cidade de Extremoz já foi terra dos índios tupis e paiacus, depois foi tomado pelos portugueses, cedido aos jesuítas nos idos de 1600 para catequização, foi disputado durante as invasões holandesas do século XVII… é tanta história, mas que nem sempre acaba chegando às novas gerações.
Inconformado com essa realidade e com o isolamento iniciado em meados de 2020 por causa da pandemia da Covid-19, Leando Soares, que é professor de Filosofia e História da rede estadual de ensino, começou a escrever com mais frequência. O material, resultante de três anos de dedicação, resultou no livro “Extremoz em Prosa – um olhar (im) pertinente”, que já está acessível ao público de maneira gratuita.
“Na obra abordo, sobretudo, os aspectos históricos da cidade. Sabemos que Extremoz foi a primeira vila do Rio Grande e teve a mais bela igreja do período colonial. Como afirma o próprio Câmara Cascudo. Em relação ao cotidiano da cidade, percebo uma certa indiferença e desconhecimento da história e importante da cidade, especificamente, no que se refere ao seu patrimônio histórico e cultural. Hoje, a igreja se encontra em ruínas e é um atrativo turístico da cidade. Falo sobre isso no texto ‘Extremoz: uma história silenciada’, na página 27”, desabafa o professor.
Mas, o livro não trata apenas da história do passado. A publicação está estruturada em quatro partes. Na 1ª o autor aborda a importância do patrimônio histórico da cidade, na 2ª estão temais mais voltados para as personalidades do município; já na 3ª parte o foco está nas histórias que, direta ou indiretamente, se entrelaçam com Extremoz; na 4ª e última parte, estão as questões do dia a dia, do presente… como o problema do transporte público.
“O problema do transporte público é notório. A cidade cresceu muito nos últimos anos. Extremoz foi, praticamente, a cidade que mais cresceu no último censo. Em 2012, a cidade tinha 20 mil habitantes, hoje está perto de 80 mil, mas as linhas de ônibus não acompanham o crescimento da infraestrutura da cidade. Então, quem mora em Extremoz hoje, se não tem um transporte próprio, sofre. São essas angústias que eu compartilho, não tem caráter político partidário de cobrar ou culpar… é mais uma questão estrutural mesmo, uma reflexão que eu me permito”, pondera Leandro Soares.
Artefato náutico mais antigo da América Latina
“Na primeira parte do livro, falo mesmo da parte histórica, do potencial histórico-cultural da cidade, que poderia ser explorado melhor, tanto do ponto de vista turístico, como do ponto de vista arqueológico. Só pra você ter uma ideia, em 2013, arqueólogos da Universidade Federal de Pernambuco fizeram uma escavação e encontraram na Lagoa do Extremoz duas canoas indígenas, inclusive, fizeram exame de carbono 14 fora do país e descobriu-se que se tratava, na verdade, do artefato náutico mais antigo da América Latina! Tem noção? Essa canoa está em exposição no Museu Câmara Cascudo. Veja o potencial do negócio”, revela o professor.
Heróis esquecidos
Uma das histórias que o professor da rede pública de ensino faz questão de compartilhar é a da Irmã Maria Dionice.
“A Irmã Maria Dionice é autora do único livro sobre a história de Extremoz. Nesse texto investigo um pouco a história da mulher por trás da escritora. Durante a pesquisa e conversando com pessoas que tiveram o privilégio de conviver com ela em vida descobri o grande legado social e cultural que ela deixou em Extremoz, Pernambuco, Bahia e Angola. Inexplicavelmente, não existe nenhuma homenagem a essa grande mulher na cidade de Extremoz”, conta Leandro Soares.
“Extremoz em Prosa – um olhar (im) pertinente” é o segundo livro do professor, que já havia lançado “Pedalando na História”, um outro livro, também, com acesso gratuito.
“Seja caminhando ou pedalando. Descobrimos vários aspectos na cidade que passam despercebidos por muitos. Ao comer uma simples tapioca não percebemos a herança cultura indígena por meio da alimentação, por exemplo. Ou o nosso famoso grude. Estou muito feliz com a acolhida que o livro está tendo. Muitos feedback positivos, inclusive de colegas professores que pretendem usar partes do livro em sala de aula sobre a história do RN ou de Extremoz. Como forma de democratizar o acesso a literatura, o livro é totalmente digital“, ressalta o professor.
O livro, que traz o olhar de alguém apaixonado pela história de Extremoz, mas também angustiado por testemunhar seu esquecimento, pode ser baixado GRATUITAMENTE no link abaixo.
Para baixar o livro, CLIQUE AQUI!