Para capacitar professores indígenas da rede básica de ensino, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) passa a ofertar, no próximo semestre, 2024.2, a Licenciatura em Educação Intercultural Indígena. O curso é ofertado por meio do Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica (Parfor Equidade), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A licenciatura terá duração de três anos e meio.
De acordo com Glebson Vieira, professor no Departamento de Antropologia (DAN/UFRN), a ideia de formalizar um curso de graduação voltado a essa temática vem sendo trabalhada desde 2018, quando o departamento foi contatado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC. “Antes desse contato com a Secadi, as organizações indígenas já haviam debatido conosco sobre a importância de uma formação específica voltada para os professores indígenas do RN”, afirma.
Após esse primeiro contato, “a UFRN assinou um Termo de execução descentralizada para a realização de diversas atividades de diagnóstico da educação escolar indígena, além de estar sempre na escuta, garantindo a participação dos povos indígenas na formulação do curso de graduação que almejavam”, explica Vieira. A formalização veio pelo Parfor Equidade, em 2023, programa que tem como objetivo formar professores em licenciaturas específicas para atendimento das redes públicas de educação básica ou das redes comunitárias de formação por alternância.
A graduação em Licenciatura Intercultural Indígena, que será ligada ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA/UFRN), irá ofertar 40 vagas. Outro curso que também foi selecionado no edital é o de Educação Especial Inclusiva, com 50 vagas. O processo seletivo será coordenado pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd/UFRN). Segundo Vieira, essa é uma “oportunidade singular para a Universidade, pois além de estar em sintonia com a política institucional de melhoria da qualidade do ensino da educação básica, o curso permitirá consolidar a política de ações afirmativas, potencializará as ações de pesquisa e extensão sobre os povos indígenas”.
Além disso, o professor ressalta a importância em estreitar laços com as comunidades indígenas do RN. “Por ter a proposta intercultural e específica, o curso possibilitará à comunidade acadêmica acessar os conhecimentos e saberes indígenas, suas pedagogias, suas práticas culturais, seus rituais, modo de vida e suas formas de ver o mundo”, destaca.
Elda Melo, pró-reitora de Graduação (Prograd/UFRN), afirma que o curso “demonstra a disposição da UFRN em abraçar a diversidade de forma real e concreta, apoiando e propiciando a oferta de cursos que, em essência, oportunizam a formação qualificada de professores para desenvolver um trabalho genuinamente inclusivo em sua prática pedagógica e em seu olhar sobre os educandos indígenas e com necessidades específicas”.