A bioquímica húngara Katalin Kariko e o cientista americano Drew Weissmann são os ganhadores do Prêmio Nobel da Medicina de 2023, pelas suas descobertas na tecnologia do RNA mensageiro que abriram caminho à produção de vacinas contra a Covid-19. Os nomes foram anunciados esta segunda-feira (2) em Estocolmo, na Suécia, pelo secretário do Comitê de Medicina, Thomas Perlmann.
Pela láurea, os dois cientistas vão receber 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5 milhões).
“Quando o SARS-CoV-2 surgiu no final de 2019 e se espalhou rapidamente por todas as partes do mundo, poucos pensavam que as vacinas poderiam ser desenvolvidas a tempo de ajudar a conter a pandemia. No entanto, várias foram aprovadas em tempo recorde, com duas das vacinas mais rapidamente aprovadas e mais eficazes produzidas com a nova tecnologia de mRNA”, diz comunicado do comitê.
Embora alvo de pesquisas há mais de 30 anos, a tecnologia de RNA mensageiro (RNAm) parecia ainda distante de se tornar realidade. Porém, com a pandemia e o investimento nunca antes visto na História das vacinas, vieram duas conquistas inéditas para a área: os primeiros imunizantes com a tecnologia inovadora a serem aprovados e aplicados em larga escala, e a produção de vacinas desenvolvidas em tempo recorde, em menos de um ano.
As altas expectativas que envolvem o RNA mensageiro se dão por alguns fatores. O primeiro deles é a forma de atuação. Basicamente, trata-se de um código com instruções para que as células do corpo produzam determinada proteína. No caso das vacinas da Covid-19, em vez de o imunizante introduzir o vírus inativado ou uma parte dele para que o sistema imunológico produza as defesas, o RNAm utiliza o próprio organismo como “fábrica” da proteína S do coronavírus, que então é lida pelo corpo para produzir as células de defesa e anticorpos.
Além do amplo potencial, as vacinas de mRNA demonstraram eficácia superior aos modelos convencionais e um potencial para fabricação com menor custo. Isso porque, pela plataforma ser sintética, e não envolver vírus vivos, não exige, por exemplo, um laboratório de biossegurança. Além disso, podem ser desenvolvidas e adaptadas de forma mais rápida, o que possibilitou que os imunizantes da Covid-19 tivessem os testes clínicos iniciados menos de seis meses após o Sars-CoV-2 ter sido descoberto na China, em 2019.