O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou nessa semana o relatório “Índice de Normas Sociais de Gênero”, revelando que o preconceito contra as mulheres não diminuiu nos últimos anos. Segundo o levantamento, 90% dos entrevistados em todo o mundo têm algum tipo de preconceito contra as mulheres.
O estudo abrange 85% da população mundial e apresenta dados preocupantes. Metade das pessoas acredita que os homens são os melhores líderes políticos do que as mulheres, e 25% acreditam que é justificável um homem agredir sua companheira. Esses números indicam que as normas sociais que prejudicam os direitos das mulheres continuam presentes e persistentes.
Pedro Conceição, chefe do Escritório de Desenvolvimento Humano do Pnud, ressalta que essas normas sociais prejudicam não apenas as mulheres, mas também a sociedade como um todo, retardando o progresso social. Ele explica que embora haja avanços em alguns aspectos da igualdade de gênero, como o acesso à educação, o índice de desigualdade de gênero não progrediu desde 2019. Isso ocorre devido às expectativas sociais sobre o papel das mulheres em diversos domínios da vida, como o mercado de trabalho, a política e as posições de liderança.
O Brasil foi o único país de língua portuguesa incluído no estudo. De acordo com os dados, 84,5% dos brasileiros têm algum tipo de preconceito contra as mulheres. O relatório analisou quatro dimensões: integridade física, educação, participação política e autonomia econômica.
Os resultados revelaram que a avaliação mais preocupante foi no quesito físico, em que mais de 75% dos brasileiros toleram a violência contra a mulher. E persistem os que acreditam que o estudo universitário é importante apenas para os homens.
No campo da política, a pesquisa apontou que mais de 39% dos acreditam que as mulheres não desempenham esse papel tão bem quanto os homens. Além disso, 31% dos brasileiros acreditam que os homens têm mais direito a vagas de trabalho ou são melhores em cargos executivos.
No geral, apenas 15,5% da população brasileira afirma não ter preconceito contra as mulheres. Embora esse número represente um avanço de 5% desde 2012, ainda há um longo caminho a percorrer.
O relatório do Pnud ressalta que os governantes têm um papel crucial na mudança das normas sociais de gênero. Medidas como a adoção de políticas de licença parental, que alteraram as raízes sobre as responsabilidades do trabalho de cuidado, e reformas no mercado de trabalho podem sustentar a mudança nas crenças sobre as mulheres na força de trabalho.
Em Natal, o Movimento Conexão Mulheres Criativas tem explorado este tema com o objetivo de trabalhar pela equidade de gênero no empreendedorismo, e em especial na economia criativa.
Sobre este estudo, Sâmela Gomes, uma das idealizadoras do projeto e que foi por mais de 15 anos executiva de alta gestão em empresa nacional e multinacional, ressalta: “Este estudo retrata muito bem a realidade em que vivemos, e que muitos ainda querem negar. Nos ambientes corporativos é muito clara a misoginia, às vezes nem tão velada assim. O mercado de trabalho reflete muitos preconceitos que historicamente foram construídos em relação as mulheres. A divisão social do trabalho, a ‘essência submissa’ como algo natural ao feminino. Tudo isso trouxe e ainda traz muitos desafios para as mulheres que lutam pelos seus direitos e por seu lugar ao sol. É preciso investir em políticas públicas, mas sobretudo em educação para as novas gerações e em projetos que transformem a realidade da participação das mulheres nos espaços públicos.”
O projeto Conexão Mulheres Criativas foi lançado em março e conta com um podcast semanal, e ainda com um calendário de oficinas, cursos, eventos e momentos que promoverão a valorização do universo feminino, ao longo de todo o ano. Todos os episódios lançados estão disponíveis no site do projeto, canal do Youtube e do Instagram @conexaomulherescriativas.
Sobre o projeto Conexão Mulheres Criativas
Com o incentivo da Lei Djalma Maranhão, o Projeto Conexão Mulheres Criativas – idealizado pela mentora empresarial, psicóloga e empreendedora Sâmela Gomes e pela psicóloga, artista, escritora e empreendedora, Tanda Macedo – tem o propósito de conectar mulheres empreendedoras, que planejam empreender, e/ou são admiradoras do universo da economia criativa.
Lançado no mês de março, o projeto conta com o podcast ‘Conexão Cast’, com novos episódios exibidos todas as quartas-feiras, além de um cronograma de oficinas, cursos e palestras voltados para a valorização do universo feminino. O projeto realizará ainda um grande evento no final do ano de 2023, com mulheres empreendedoras de projeção nacional.