A fruticultura irrigada desempenha um papel fundamental na base econômica do Rio Grande do Norte. Somente no ano passado, o estado chegou a exportar mais de 228 mil toneladas de melão e melancia, principais frutas frescas do RN que são enviadas ao mercado internacional, movimentando um volume superior a US$ 141,5 milhões. O setor, no entanto, possui potencial para elevar as remessas anuais, principalmente para o mercado europeu, e inserir novas culturas na pauta de exportação.
Para estabelecer novos acordos e parcerias para viabilizar a ampliação dos envios de frutas frescas, representantes do Sebrae no Rio Grande do Norte, Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX), Governo do Estado, Prefeitura de Mossoró, Federação da Agricultura do RN, Câmara de Vereadores de Mossoró e fruticultores partiram no último sábado (4) para uma missão empresarial estratégica na Europa, que vai durar 12 dias.
A delegação participa da Fruit Logistica 2023, em Berlim (Alemanha), que é a maior feira internacional de frutas frescas e processadas da Europa e onde são apresentadas as tendências, inovações e novas tecnologias para o setor, capazes de serem implementadas para melhoria produtiva e agregação de valor aos itens cultivados. O evento será realizado entre os dias 8 e 10 deste mês.
“Historicamente, o Sebrae esteve presente nesse evento e foi pioneiro no apoio à participação dos fruticultores do estado na feira há quase 20 anos”, justifica o diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti. Segundo o diretor, que integra a missão, a presença dos potiguares no evento de Berlim é fundamental para que os exportadores tenham contato com as novidades voltadas para o plantio, produção e processamento de frutas. “Além de tudo isso, esses empresários terão a oportunidade de estar frente a frente com traders e grandes compradores, possibilitando fechar contratos futuros com empresas que buscam cooperação nas áreas comercial e logística”, explica João Hélio Cavalcanti.
Mais que participar da maior feira do segmento, a missão empresarial é também estratégica para a ampliação do comércio de frutas tropicais frescas entre o Rio Grande do Norte e países, como Holanda, Espanha, Portugal e Rússia, além da Alemanha, que compõem um mercado consumidor relevante das mercadorias potiguares. O primeiro compromisso é nos Países Baixos, onde o grupo tem reuniões marcadas com empresas de logística e companhias importadoras de frutas, que operam no Porto de Rotterdam, localizado no sul da Holanda e considerado o maior terminal marítimo do continente europeu.
O objetivo é estabelecer novas relações comerciais no país, que importa os maiores volumes de frutas do RN naquele continente. A intenção é também tratar de operações logísticas para o transporte e distribuição das frutas do estado, apresentando o potencial dos fruticultores potiguares para envios de cítricos e mangas.
“Além de prospectar compradores de produtos tradicionais da nossa pauta de exportação, como o melão, melancia, mamão e banana, pretendemos apresentar novas frutas e diversificar os envios ao longo do ano. Uma delas é o limão, que temos apostado na produção em escala comercial”, informa o gestor do Projeto de Fruticultura, Franco Marinho.
O ponto alto da agenda de compromissos, no entanto, será na Espanha, no dia 13. Na capital, Madrid, os integrantes da missão têm uma audiência marcada com autoridades daquele país, envolvendo órgãos do Ministério da Agricultura e agências fitossanitárias espanhóis. As conversas serão conduzidas pelo Secretário de Agricultura do RN, Guilherme Saldanha, o presidente do Coex, Fabio Queiroga, o vice-presidente do comitê, Juan Puchades, o presidente da Federação da Agricultura do RN, José Alvares Vieira, que também é vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o diretor técnico do Sebrae e o gestor do Projeto de Fruticultura da instituição.
Participam também do encontro, o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Mossoró, Faviano Ricelli, o vereador de Mossoró, Aislan Marckuty de Freitas, o diretor comercial da Vilac Citrus, Jose Arinos Goncalves, e o presidente da Coopyfrutas, Francisco Canindé dos Santos Neto.
Além da consolidação de relações comerciais, a estada da delegação em solo espanhol é demarcada por outros propósitos específicos. O primeiro está relacionado às regras documentais de fitossanidade. A delegação brasileira pretende iniciar um diálogo para implementar e facilitar o documento fitossanitário, emitido no Brasil, a ser aceito por meio digital com certificação de validade online por parte do governo espanhol.
“Existe uma dificuldade, hoje, de as nossas frutas entrarem na Espanha por questões meramente burocráticas. Vamos propor que a documentação possa ser enviada previamente por meios eletrônicos, e não obrigatoriamente junto com o container. Esperamos descomplicar esse processo”, pontua o diretor do Sebrae.
Concessão de incentivos fiscais
Outro assunto a ser tratado e apresentado ao governo espanhol, assim como ao dos demais países, é a proposta de um incentivo fiscal, a ser concedido pelo estado, para as aquisições de óleo diesel para navios cargueiros internacionais que atracarem em Natal. A lógica do benefício é atrair um número maior de embarcações deste modal para abastecer na capital potiguar, ampliando as opções de transporte de cargas no momento em que os cargueiros incluírem o RN nas rotas pela costa brasileira. A expectativa é que a estratégia eleve a movimentação de cargas no Porto de Natal e possibilite a abertura de mais canais de escoamento da produção local.
Para o diretor do Coex, a junção de prospecção de mercado e novos clientes com dinâmicas logísticas, atração de companhias transportadoras e acordos de cooperação poderá impulsionar a fruticultura do estado. “A missão pode representar um avanço significativo para a fruticultura e exportações em geral do Rio Grande do Norte. Teremos reuniões com companhias marítimas e compradores internacionais na Europa. Estaremos presente na maior feira mundial, que reúne importantes players do segmento, e faremos grandes negociações que temos desenvolvido nos últimos anos. Buscamos ainda resolver questões técnicas de alguns países e meios que travam um pouco o processo, trocando por meios mais ágeis”, prevê Fábio Queiroga.