Reproduzo aqui o texto da última coluna da jornalista Cristina Serra na Folha de S. Paulo porque os nossos desejos neste fim de ano são muito parecidos. Acredito até que necessários nesse momento de transição que vivemos e de reconstrução que vai começar.
Aos leitores desse espaço, meu muito obrigada pela companhia e peço paciência com esta jornalista que vai ali rever familiares e amigos e testemunhar um dos momentos mais importantes da História recente desse país. Mesmo “de férias”, podemos voltar a qualquer momento de qualquer lugar com novas atualizações.
Feliz Natal! Muito amor, paz, saúde, alegria e prosperidade para cada um e todos nós.
Ana Cadengue
Desejos de Ano-Novo para o Brasil
Por Cristina Serra
Ao presidente que sai (e que nunca deveria ter entrado), desejo processo, condenação e prisão. Anistia, não! Esquecimento, não! E sem essa de senador vitalício. Genocídio é crime sem perdão.
Ao presidente Lula, ao vice Alckmin e aos novos ministros, força e coragem. Vão precisar. Desejo que nosso compromisso com a democracia seja definitivo e a luta contra o fascismo permanente. Que política seja negociação e não chantagem, que construa consensos e não que aprofunde ódios e antagonismos. Espero instituições agindo dentro de suas competências com o sentido de urgência que o país requer. E que o Brasil volte a um patamar decente e salutar de normalidade.
É muita pretensão? Pois ainda almejo mais. Que o Supremo não demore um ano para decidir sobre imoralidades como o orçamento secreto (finalmente, derrubado nessa segunda, 19); que pedidos de vista não sejam “perdidos de vista”; que derrote sem demora a tese ruralista do “marco temporal” e garanta aos indígenas o direito de viver em paz nas terras que sempre foram suas.
É bem razoável pedir o retorno dos militares aos quartéis e que de lá não saiam. Nunca mais! Que respeito aos direitos humanos seja para todos e não dependa de classe, cor da pele ou orientação sexual. Aspiração imediata é que todo brasileiro volte a comer sempre que sentir fome. Para as crianças, peço vacinas e livros e que aprendam a plantar árvores.
Será devaneio essa teia de quereres? Tenho certeza que não. Os desejos de Brasil estão ao nosso alcance. Quanto a mim, tenho uma lista singela. Quero ouvir mais Chico e Tom, reler Vinicius, Drummond. Quero vento no cabelo, cheiro de mato, manhãs, quero estrada, quero mar, encontrar mais os amigos, os novos e os antigos, quero bênção, quero axé e o Círio de Nazaré.
Aos caríssimos leitores, dou férias de duas semanas. Volto em 3 de janeiro. A todos, saúde e esperança em 2023. É preciso estar atento e forte para a travessia!