Os bichos mais bestas do mundo

Não, eu não estou falando aqui de ursos, elefantes ou leões. É sobre mães e pais mesmo. Na última semana vivenciei a até então inédita experiência de mãe de estudante que vai fazer uma prova importante. Meu filho é um menino até estudioso e assim que terminou as provas da escola, dia 25, se dedicou integralmente ao conteúdo exigido pelo IFRN. Leu, assistiu vídeos, respondeu provas antigas. Sem querer sobrecarregá-lo demais, intensificamos as conversas para que ele não se cobrasse tanto, incentivamos exercícios físicos e dividimos momentos de relaxamento e lazer.

Ontem, dia 04, saímos cedo para evitar qualquer tipo de atraso e nos juntamos à multidão que esperava a abertura dos portões. Mães, pais, irmãos mais velhos, alguns tios e avós. Todos tentando passar força e dar carinho aos filhotes adolescentes que nos devolviam aquele tão conhecido desprezo juvenil.

“Filha, use a sombrinha, o sol tá muito quente”, “Não se preocupe que eu vou lhe deixar na porta da sala e estarei aqui lhe esperando o tempo todo”, “Tenha calma, leia tudo e responda com tranquilidade” eram alguns dos muitos conselhos ouvidos e muito provavelmente ditos também.

Ao meio-dia, portões abertos, juventude linda seguindo em frente sem acompanhantes e nós ali meio órfãos e numa expectativa maior que a deles. Túlio e eu, como praticamente todos ali, fomos ao shopping tomar um café e fazer algumas compras para ocupar o tempo que não passava. Acabamos indo prum restaurante enquanto os olhos não largavam o celular. Ao chegar num horário em que provavelmente ele já estaria terminando a prova, voltamos para o IF onde mais uma vez nos juntamos ao exército mais amoroso que existe. Sentados na calçada junto a uma água fétida que corria pela rua, ouvíamos pedaços de conversas entre pais e seus bravos filhotes. “E aí, como foi?”, perguntava a mãe ansiosa. “Sei lá”, respondia a filha num dar de ombros.

Ao avistar meu pequeno grande menino, parecia uma boba a fazer sinais. Me olhando daquele jeito que avisa “não me faça passar vergonha”, João atravessou vagarosamente a rua e seguiu ao nosso encontro sem dizer uma palavra. Sem aguentar, o pai perguntou: “E aí, como foi a prova?” e teve que ouvir “foi uma prova”.

Já dentro do carro, discorreu animado sobre o tema da redação, Lei de Cotas, e comentou sobre a meritocracia que não existe de verdade, da necessidade do governo investir maciçamente em educação e as elites aprenderem a abrir mão de privilégios.

É, meu filho pode até não passar nessa seleção e nem desfrutar do que eu considero educação da maior qualidade, pública, inclusiva, com incentivo à pesquisa e respeito às diferenças. Mas, já mostra que está no caminho certo.

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