A curadoria de Manoel Onofre Neto resgata o Modernismo a partir das obras de Ângela Almeida e Selma Bezerra, professoras da UFRN, na Exposição Moderno – Pra contemplação dos olhos de hoje. A exposição, que traz exemplares das obras dos artistas modernistas do Rio Grande do Norte, conta também com duas obras exclusivas de Newton Navarro, pintadas em 1948. O evento acontece na Pinacoteca do estado, aberta ao público de terça a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 14h, até o dia 2 de outubro.
Em uma estratégica apropriação do título de um poema do modernista potiguar Jorge Fernandes, Moderno… (com reticências), as autoras procuram traduzir a diversidade e pluralidade que foi o movimento modernista brasileiro. O curador construiu uma estrutura que conecta as obras de expoentes das artes plásticas do Rio Grande do Norte, como Dorian Gray, Newton Navarro, Erasmo Xavier e Ivon Rodrigues, às obras de Ângela e Selma. “Ele criou um diálogo entre os meus trabalhos (são quatro séries) e os trabalhos de Selma Bezerra”, conta a artista e professora do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo da UFRN, Ângela Almeida.
A mostra dá um salto de 60 anos no Modernismo a partir de outra estrutura e outro pensamento estético. Na seleção ainda cabem Palmyra Wanderley, José Bezerra Gomes, Oswaldo Lamartine e Zila Mamede. Essa seleção de artistas visuais e da literatura potiguar modernista, ou que flerta com o Modernismo, é homenageada por Ângela e Selma Bezerra Jerônimo, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT/UFRN) e professora titular do Departamento de Bioquímica da UFRN. O curador conta que Ângela passeia por diferentes suportes, técnicas e paletas, quase sempre saturadas, com texturas e representações simbólicas intrincadas. Sua criação, contemporânea e com remanescência modernista, é concebida em três atos: Paisagens Originárias – Bordados, Vaqueiros em Flores e Eu Como Somos.
Nas comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 22, Selma Bezerra mergulhou na obra de Tarsila do Amaral e, a partir dela, apropriando-se de referências estéticas da fase pau-brasil da artista, concebeu a série Tarsilianas, em que apresenta, de forma elegante e com forte apelo poético, um sertão solar, verdejante e florido, como registrado magistralmente no poema modernista Não gosto de sertão verde, de Câmara Cascudo. A artista explora as possibilidades estéticas de um sertão pouco revelado, ancorando sua criação em produções literárias dos nossos primeiros modernistas, igualmente homenageados na obra de Ângela, traduzindo-se em uma rara experiência, ao mesmo tempo pictórica e literária, para contemplação dos olhos de hoje.