A Assembleia Legislativa promoveu, na manhã desta sexta-feira (8), Sessão Solene em homenagem ao Dia Estadual da Literatura Potiguar. Proposto por Francisco do PT, o evento contou com a participação de professores, escritores, poetas e outras personalidades e instituições relacionadas à Cultura e à Literatura do Rio Grande do Norte.
Francisco do PT iniciou seu discurso justificando que os homenageados escolhidos são a representação do que de melhor tem sido confeccionado em termos da arte escrita e do processo de incentivo e propagação da Literatura Potiguar.
“Na condição de professor deputado, eu tenho oferecido atenção especial ao patrimônio artístico e cultural do RN, fazendo do meu mandato uma ferramenta de diálogo e vazão das demandas dos nossos artistas. Apresentamos requerimentos e fizemos gestões junto ao governo estadual, somando-nos à luta pelas leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, no plano federal. Além disso, conversamos com centenas de artistas e/ou entidades representativas e destinamos emendas parlamentares em prol do fortalecimento cultural”, destacou Francisco.
O deputado continuou sua fala, registrando que é de sua autoria a lei que reconhece a Dança do Espontão como patrimônio cultural e imaterial do RN.
“Também fizemos requerimentos pela recuperação das nossas casas de cultura; apresentamos o Projeto de Lei do Conselho Estadual de Cultura; destinamos emendas para a Mostra de Cinema de São Miguel do Gostoso, o Teatro de Rua de Janduís e o Museu de Francisco Dantas; além de ser nossa a lei que criou o Dia Estadual do Teatro”, acrescentou.
Mais especificamente sobre a Literatura Potiguar, ele lembrou que é de sua autoria o projeto de lei, em tramitação na Casa, que torna obrigatória a utilização das obras dos autores potiguares no currículo escolar.
Dando sequência à sessão, o parlamentar agradeceu a iniciativa do ex-deputado Sandro Pimentel, o qual, segundo Francisco, foi quem o colocou no caminho da professora Michele Paulista para realizar as homenagens.
“Mesmo sem estar presente aqui com um mandato, ele continua atuando na defesa dos mais importantes setores do RN, entre eles a Literatura. E eu tenho certeza que essa sessão estaria sendo realizada nesta data por você, Sandro, dado o seu compromisso com a Cultura, Arte e Literatura do nosso Estado”, frisou o deputado.
Sandro Pimentel externou sua satisfação em voltar à Casa Legislativa, após um ano e meio de sua saída.
“Volto aqui para uma causa nobre. Não sabia se teria coragem de retornar, após ter meu mandato assaltado, mas eu não poderia deixar de prestigiar esse momento. Eu me lembro muito de quando a professora Michele me propôs que o RN tivesse uma lei onde o Dia da Literatura Potiguar pudesse ser lembrado. E eu até achei que já existia, mas ainda não. O nosso estado é um celeiro de pessoas e instituições que se dedicam à Literatura dia e noite, e elas devem ser devidamente lembradas e reconhecidas. Por isso eu me senti muito lisonjeado por ter apresentado essa legislação no nosso Estado”, acrescentou Sandro Pimentel, reforçando a importância de haver políticas públicas perenes que garantam o reconhecimento da Cultura e da Literatura.
A professora Michele Paulista ressaltou que “hoje é um dia histórico, porque é a primeira vez que se comemora o Dia Estadual da Literatura Potiguar”.
Ela explicou que o dia escolhido foi 9 de julho porque é a data de nascimento de Gilberto Avelino, poeta macauense, e de Veríssimo de Melo, “natalense que dispensa apresentações”.
“Mesmo no contexto político em que vivemos, contrário à Cultura e à Educação, seguimos resistindo. Quando fui conversar com o deputado Francisco para pedir que pudéssemos incluir os conteúdos de Literatura do RN no currículo escolar, para a minha surpresa, ele já havia incluído. Não importa se não vai cair no Enem. Nós não podemos ter uma visão tão pragmática; precisamos gerar o sentimento de pertencimento nos alunos”, afirmou.
Falando em nome dos homenageados, Diogenes da Cunha Lima, presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL) e Conselheiro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ressaltou sua honra em participar da sessão, em nome da academia fundada por Câmara Cascudo.
“Não tem futuro quem não cuida do seu passado. E nós estamos aqui, no presente, cuidando do nosso passado e do que há de melhor nele, que é nossa Literatura como um todo”, enfatizou o poeta e escritor Diogenes da Cunha Lima.
Para o presidente da ANRL, “o Rio Grande do Norte é um riquíssimo estado pobre. O RN tem plenas condições de ser mais desenvolvido, mas vive na pobreza, em grande parte. Ao mesmo tempo, há uma vontade de vencer e superar obstáculos. E a cultura é a base desse trabalho”, disse.
Ainda de acordo com Diogenes da Cunha Lima, “Câmara Cascudo é o maior dos escritores do Brasil que estudaram o brasileiro”.
“Ele mostrou isso através dos seus livros e estudos sobre religiões, costumes, lendas e mitos. Nenhum escritor teve essa visão. Então ele é um orgulho legítimo potiguar”, disse o ex-reitor da UFRN Diógenes da Cunha Lima.
Finalizando sua fala, o conselheiro do IPHAN enalteceu os seus amigos Veríssimo de Melo e Gilberto Avelino, registrando que os dois pertenceram à nossa academia e eram como irmãos para ele.
Ao todo, foram 30 os homenageados (personalidades e instituições), dentre os quais estão:
Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL
Academia Macauense de Letras e Artes – AMLA
Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo
Diogenes da Cunha Lima
José Lacerda Alves Felipe
Maria das Graças de Macedo Azevedo (In Memoriam)
Michelle Patrícia Paulista da Rocha
Pinto Júnior (In Memoriam)
Tarcísio Gurgel
Thiago Gonzaga
Foto: Eduardo Maia