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    Famílias chefiadas por pessoas negras são mais atingidas pela fome

    A fome é um problema que atinge um quinto das famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pardas e pretas no Brasil (20,6%). Esse percentual é duas vezes maior quando comparado ao de famílias comandadas por pessoas brancas (10,6%).

    Os dados, divulgados nesta segunda-feira (26), são referentes ao período entre novembro de 2021 e abril de 2022. Eles fazem parte do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan).

    No total, 33,1 milhões de pessoas foram impactadas pela fome no país. Aqueles que se enquadram em determinados recortes de raça e gênero estão mais vulneráveis. Os lares chefiados por mulheres negras representam 22% dos que sofrem com o problema, quase o dobro em relação aos liderados por mulheres brancas (13,5%).

    “A situação de insegurança alimentar e de fome no Brasil ganha maior nitidez agora. Precisamos urgentemente reconhecer a interseção entre o racismo e o sexismo na formação estrutural da sociedade brasileira, implementar e qualificar as políticas públicas, tornando-as promotoras da equidade e do acesso amplo, irrestrito e igualitário à alimentação”, diz a professora Sandra Chaves, coordenadora da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan).

    O Vigisan é realizado pela Rede Penssan. Ele leva em conta dados registrados pelo Instituto Vox Populi, com apoio da Ação da Cidadania, ActionAidFord Foundation, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga, Oxfam Brasil e Sesc São Paulo.

    Em dados gerais divulgados anteriormente, o estudo mostrou que quatro entre 10 famílias tinham acesso pleno a alimentos, ou seja, em condição de segurança alimentar. Por outro lado, 125,2 milhões estavam na condição de insegurança alimentar – leve, moderada ou grave. Os níveis foram medidos pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), também usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Escolaridade, emprego e filhos

    Os recortes de raça e gênero também ficaram evidentes quando foram analisados outros dados como escolaridade, situação de emprego e renda e presença de crianças na família.

    No caso dos lares chefiados por pessoas com oito anos ou mais de estudo, a falta de alimentos foi maior quando uma mulher negra estava à frente: 33%. Esse número foi menor no caso de homens negros (21,3%), mulheres brancas (17,8%) e homens brancos (9,8%).

    Nas famílias com problemas de desemprego ou trabalho informal, a fome atingiu metade daquelas chefiadas por pessoas negras. Quando se trataram de pessoas brancas, um terço dos lares foi impactado. A insegurança alimentar grave foi mais freqüente em domicílios comandados por mulheres negras (39,5%) e homens negros (34,3%).

    Nas situações em que a pessoa responsável tinha emprego formal, e a renda mensal familiar era maior do que um salário mínimo per capita (para cada indivíduo), a segurança alimentar estava presente em 80% dos lares chefiados por pessoas brancas e em 73% dos chefiados por pessoas negras.

    A presença de crianças menores de 10 anos de idade nas famílias também foi um fator importante. Nesse contexto, a segurança alimentar era uma realidade em apenas 21,3% dos lares chefiados por mulheres negras, menos da metade dos chefiados por homens brancos (52,5%) e quase metade dos chefiados por mulheres brancas (39,5%). 

    Agência Brasil

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    “Dai-lhes vós mesmos de comer”: Assembleia Legislativa homenageia Campanha da Fraternidade 2023

    A Assembleia Legislativa do RN realizou Sessão Solene, na tarde desta quinta-feira (13), por iniciativa dos deputados Hermano Morais (PV) e Francisco do PT, com o objetivo de celebrar a Campanha da Fraternidade 2023. Este ano, o tema da ação é “Fraternidade e fome”, e o seu lema, “Dai-lhes vós mesmos de comer”.

    “A campanha deste ano traz, mais uma vez, um assunto de extrema importância a ser debatido na sociedade. A falta de acesso regular a uma alimentação adequada, por grande parte da população brasileira, tem sido um dos principais desafios enfrentados pelo País, ao longo dos últimos anos. De acordo com dados divulgados em meados de 2022, pela ONU, a quantidade de brasileiros que enfrentam algum tipo de insegurança alimentar ultrapassou a marca de 60 milhões de pessoas, ou seja, aproximadamente 1 em cada 3 cidadãos”, iniciou Francisco do PT.

    Segundo o parlamentar, “a fome voltou, e é preciso falar sobre isso”. “Então, eu deixo o meu mandato à disposição para que possamos contribuir com ações e iniciativas de combate a esse mal que atinge a nossa sociedade. Além disso, quero dizer que é uma honra poder compartilhar essa sessão com o deputado Hermano, a respeito de uma temática tão importante para a vida das pessoas, que é a insegurança alimentar”, finalizou.

    Em seguida, o deputado Hermano Morais deu início ao seu discurso lembrando que a Campanha da Fraternidade nasceu no RN, no distrito do Timbó, em Nísia Floresta.

    “Depois, a iniciativa ganhou dimensão nacional e internacional, tornando-se uma campanha ecumênica, com a participação de toda a sociedade, sempre tratando de temas relevantes. E o assunto deste ano é a fome. Dessa forma, nós todos fomos convocados a refletir sobre esse problema que assola muitas pessoas, infelizmente”, disse.

    Segundo o deputado, “nós temos fome de Deus, do seu amor, da sua misericórdia e da sua presença. Temos fome de paz, fraternidade e tudo mais que, de fato, nos humaniza. E, sobre a fome de comer, é algo tão simples, necessário e imprescindível aos seres humanos. Um problema tão antigo e infelizmente tão presente, que nos maltrata e nos empobrece, no sentido mais intrínseco que a palavra pode significar. O que ocorre quando o alimento não chega a todos os seres humanos? O que podemos fazer para amenizar esse problema? Essa é uma grande contradição para um País que produz e exporta alimentos para o mundo inteiro”, acrescentou.

    Hermano Morais ressaltou ainda que a fome é um dos resultados mais cruéis da desigualdade e um desafio que não podemos deixar de enfrentar, pois ela acaba refletindo em toda a população.

    “A Campanha da Fraternidade 2023 tem como objetivo geral sensibilizar a sociedade a combater a fome, por meio de compromissos que transformem essa realidade a partir do evangelho de Jesus Cristo. E alguns dos seus objetivos específicos são: revelar as causas estruturais da fome; acolher o imperativo da palavra de Deus, que nos conduz à corresponsabilidade fraterna; investir esforços concretos em iniciativas que levem à superação do problema; estimular iniciativas de agricultura familiar; e mobilizar a sociedade para que haja uma sólida política de alimentação, garantindo que todos tenham vida”, detalhou o deputado.

    Por fim, Hermano convocou todos a serem protagonistas na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna. “Como disse o nosso Papa Francisco, ‘não há democracia se existe fome’”, finalizou. 

    Na sequência, o presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar, Jean Pierre Câmara, exibiu o panorama da fome no Rio Grande do Norte. “A fome é uma crise sistêmica composta pelas dimensões ambiental, social, econômica, sanitária, enfim, é uma questão com diversas conexões. E ela vem nos lembrar de um direito constitucional, que é a alimentação adequada e saudável, gerando o conceito de segurança alimentar e nutricional”, explicou.

    De acordo com o presidente do conselho, a fome precisa estar dentro da agenda política do Brasil. “Hoje, muitos autores falam no ‘desmantelamento dos sistemas de proteção social e das políticas públicas’. Quando a gente tira o ‘Programa Nacional da Aquisição de Alimentos, ameaça o ‘Programa Nacional da Alimentação Escolar’ e reduz o número de cisternas, a gente está excluindo da agenda do governo o papel dele, que é garantir o bem-estar social”, destacou.

    Em seguida, Jean Pierre ressaltou que a pandemia da Covid-19 evidenciou as fragilidades do sistema de proteção social (saúde, previdência e assistência social), deixando boa parte da população sem amparo.

    “Além disso, a falta de universalização de atendimento de Saúde e a redução dos recursos do Fundo de Combate à Pobreza também alastram a problemática da segurança alimentar”, complementou.

    Sobre os dados estatísticos da segurança alimentar e nutricional, com referência em pesquisas do IBGE, ele ressaltou que, em 2004, havia 9,4% da população em situação de fome no Brasil. “Já no ano de 2014, nós conseguimos sair do mapa da fome, com 77,1% dos cidadãos em segurança alimentar, graças a um conjunto de políticas públicas que permitiram maior transferência de renda, acesso amplo à alimentação escolar, enfim, com o aumento de investimentos públicos no bem-estar da sociedade brasileira”, exemplificou.

    Outro dado trazido pelo presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar foi o de que as regiões Norte e Nordeste são as mais atingidas pela fome no País.

    “15,5% da população brasileira que passam fome. Dentre esses, 45,2% estão no Norte e 38,4% no Nordeste. Além disso, o problema da fome está mais presente nas áreas rurais. Já em relação ao gênero, é mais frequente entre as mulheres. E segundo critérios de cor da pele, percebe-se que a população autodeclarada negra tem o dobro de insegurança alimentar e nutricional em relação à branca”, concluiu Jean Pierre Câmara. 

    Dando continuidade aos discursos, o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira, falando em nome dos homenageados, agradeceu a oportunidade e enfatizou a importância de dar visibilidade às ações de solidariedade. “Vejo na galeria tantas pessoas da nossa sociedade e da nossa igreja, tantos cidadãos que se preocupam e se dedicam a essas causas urgentes e necessárias. E esta sessão tem uma importância muito grande para nós, porque enquanto a sociedade ressaltar e der amplitude a todas as ações voltadas ao combate de situações graves do ponto de vista social – a exemplo da fome – sabemos que tudo pode melhorar”, disse.

    Para o arcebispo, a fome estarrece a todos e é uma vergonha no mundo de hoje. “Nós temos mais de 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil. E eu não vou nem falar dessa quantidade a nível mundial. Portanto, após tudo que já foi dito aqui, nós agradecemos, diante de Deus, por esta oportunidade, e pedimos que Ele fortaleça cada vez mais iniciativas como essa”, concluiu.

    Segundo o coordenador da Campanha da Fraternidade, Padre Robério Camilo Silva, a ação deste ano o fez lembrar que “só quem pode falar bem de fome é quem já passou fome”.

    “Eu passei fome na década de 70, e ela era bem diferente da fome de hoje, porque as perspectivas são outras, as causas são outras. A gente passou fome, mas era por causa da seca. E, naquele tempo, quando ainda não havia políticas públicas muito organizadas, o governo chegava junto com as Frentes de Emergência. Eles não davam dinheiro, mas trocavam por serviço. Lembro que meu pai tinha que trabalhar o dia todo para poder voltar com a garantia da alimentação. E é assim, de geração em geração, a gente vai convivendo com a fome”, exemplificou o padre. 

    De acordo com o coordenador da campanha, as pessoas precisam refletir sobre como vão acolher o tema.“Diante do faminto, como vamos nos comportar? Precisamos ter compaixão, que é diferente de pena. Quando sentimos pena, nada fazemos; mas quando sentimos compaixão, vamos lá e cuidamos. Precisamos colocar a centralidade no amor e enxergar o outro como um irmão. Esse é o sentido da Campanha da Fraternidade. Só se preocupa com a fome real, quem tem fome e sede de justiça. Se nós podemos fazer alguma coisa, então façamos. Que essa campanha não termine aqui. Eu deixo aqui o meu muito obrigado e os votos de que Deus continue tocando os corações de todos aqui presentes”, finalizou.

    Homenageados:
    Dom Jaime Vieira Rocha (Arcebispo Metropolitano)
    Padre Robério Camilo (Coordenador da Campanha da Fraternidade)
    Padre José Freitas Campos (Ex-coordenador da Campanha da Fraternidade – 2004 a 2010)
    Padre Alcimário Pereira de Oliveira (Ex-coordenador da Campanha da Fraternidade – 2011 a 2013)
    Maria Piedade (Missionária católica que presenciou o nascimento da campanha na comunidade de Timbó)
    Padre Antônio Murilo de Paiva (Rede SAR)
    Marcos Antônio Campos (Fraternidade de Leigos Toca de Assis)
    Jean Jeferson (Pastoral do Povo de Rua)
    Emanuelle Cristiane Cassiane de Moura (Igreja Vida-Videira Transforma Brasil)
    Edgar Smith (Armazém da Caridade)

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    Campanha da Fraternidade é tema de audiência pública na Câmara de Natal

    A Campanha da Fraternidade, que neste ano debate a problemática da fome, foi tema da audiência pública, realizada nesta sexta-feira (24), na Câmara Municipal de Natal, através de uma proposição do vereador Milklei Leite (PV).

    “O tema é desse ano, mas o problema é de todo dia. A fome continua. Vivenciamos isso e após a pandemia esse índice mais que dobrou. Devemos criar políticas públicas efetivas para incluir essas pessoas no mercado do trabalho, não esquecendo o emergencial, que é matar a fome hoje de quem precisa”, disse o vereador.

    Em 2022, levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), apontou que 33,1 milhões de pessoas no Brasil não têm garantido o que comer. O padre Robério Camilo, coordenador arquidiocesano da campanha no RN, ressaltou que a doação de alimentos é uma iniciativa emergencial, mas que é preciso ir além. “Não é só dar um prato de comida, mas fazer com que aquela pessoa saia da situação de fome e dar-lhe dignidade para não perpetuar na miséria. A solução está no emprego para todos, na geração de renda e oportunidades. A campanha vem trazer, por meio da luz de Deus, a realidade já visível para nós, mas também soluções que já têm dado certo no Brasil”, explicou.

    Como gesto concreto, a coordenação arquidiocesana busca fortalecer as “Bodegas Solidárias”, que são espaços criados para o enfrentamento à fome, através de doações, bem como para construir momentos de formações sócio-político junto as famílias em vulnerabilidade social. “O que a campanha quer é trazer a reflexão para a sociedade para que se transforme em política pública. Citamos a bodega solidária, que é um equipamento de combate à fome, onde se discute moradia, saúde, emprego, habitação e alimento e que pode se tornar uma política pública”, enfatizou o coordenador da rede SAR (Serviço de Assistência Rural e Urbano), Diácono Márcio Francisco.

    Lançada em 1964, em Nísia Floresta/RN, através de uma iniciativa do então bispo Dom Eugênio Sales, a Campanha da Fraternidade é uma forma da igreja Católica celebrar o tempo da Quaresma, com oração, jejum e caridade, associados à reflexão e ação sobre um tema específico. “Hoje é um movimento presente em todo o Brasil para nos mostrar que devemos nos preocupar com o próximo. Neste ano, abre nossos olhos para o irmão que passa fome, resgatando a proposta de evangelização que foi e continua sendo muito válida”, destacou o padre Ajosenildo Nunes, pároco de Nísia Floresta.

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    15% da população brasileira não tem o que comer

    Não é só um número, por trás dele existem 33 milhões de pessoas que convivem cotidianamente com a fome. Na casa de Carmem Braz, moradora da periferia de Natal, os pratos não estão vazios graças à solidariedade. “Vem ajudar as pessoas do bairro, mas principalmente as crianças que os pais estão desempregados, que é o meu caso.Nós temos a alimentação, que é o básico, mas a gente tem todos os dias na mesa. Obrigada a essa galera que faz essa ação”, agradece.

    Carmem é uma das milhares de famílias beneficiadas com as campanhas constantes da Ação da Cidadania. A Ong foi criada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em 1993, quando 32 milhões de pessoas passavam fome no país. Na época, 30 milhões de voluntários se mobilizaram para combater a fome. A indignação que moveu Betinho e o Brasil inteiro em 93 é a mesma quase 30 anos depois, quando o Brasil retorna ao Mapa da Fome, da ONU.

    Independente de ideologia, religião ou partido, a fome é inaceitável. E se você não passa fome, tem que ser parte da solução. Esse é o slogan da campanha 15 por 15, em alusão ao percentual de brasileiros que não têm o direito básico à alimentação, garantido pela nossa Constituição desde 2010. A campanha convoca a população a doar: 15 centavos, 15 reais, 15 milhões, 15 segundos, minutos ou porcentagem de vendas. Todo mundo tem 15 de alguma coisa para doar. E para 15% dos Brasileiros, esta é a única esperança. Na plataforma digital 15por15.org, o cidadão encontra várias formas de participar do combate à fome.

    “Estivemos envolvidos com a questão da fome nos últimos 20 anos. Nesse período melhoramos e com políticas públicas adequadas saímos do Mapa da Fome. Mas houve o desmonte dessas políticas e o resultado está aí: 33 milhões de brasileiros com fome, 165 milhões em situação de insegurança alimentar. Precisamos olhar por eles, pelo menos para que tenham fôlego para esperar pelas políticas públicas que virão a partir de janeiro de 2023”, diz Carlos Freire, coordenador da ONG Avoante, parceira da Ação da Cidadania no RN.

    Kiko Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania, deixa o recado: “Quem tem fome tem pressa. É preciso entender que a frase do Betinho fazia exatamente menção a isso. A gente precisa agir todos os dias por política pública pra resolução do problema de forma definitiva. Mas precisa também agir todos os dias para não deixar uma pessoa sofrer com fome hoje”.

    INSEGURANÇA ALIMENTAR

    A insegurança alimentar ocorre quando uma pessoa não tem acesso regular e permanente a alimentos. Ela é classificada em três níveis:

    LEVE (28% dos brasileiros) Incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e/ou quando a qualidade da alimentação já está comprometida;
    MODERADA (15,2% dos brasileiros) Quantidade insuficiente de alimentos;
    GRAVE (15,5% dos brasileiros) Privação no consumo de alimentos e fome.

    SERVIÇO:
    Campanha 15 por 15
    Doe: 15por15.org

    Com informações da Ação da Cidadania (acaodacidadania.org.br) e Olhe para a Fome (olheparaafome.com.br)

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    Gastronomia Sustentável: uma aliada no combate à fome

    A mais recente pesquisa sobre insegurança alimentar no Brasil, publicada no início deste mês pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), revela que 33 milhões de brasileiros passam fome no país. Por outro lado, um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra o Brasil como um dos países com mais desperdício de comida no mundo, totalizando 27 milhões de toneladas de alimentos por ano. Mas há formas de mudar essa realidade contrastante. Uma delas está facilmente ao nosso alcance: por meio da aplicação da gastronomia sustentável.

    Gastronomia sustentável é o processo de cozinhar focando na origem dos ingredientes, como os alimentos são cultivados, os meios pelos quais chegam ao mercado e aos pratos dos consumidores. Nela, o foco é escolher alimentos saudáveis não só ao corpo, mas ao meio ambiente em toda a cadeia produtiva.

    A iniciativa é tão importante que, desde 2016, a ONU definiu no calendário o dia 18 de junho como o Dia da Gastronomia Sustentável. Para ter uma ideia do impacto em todo o planeta, cerca de um terço dos alimentos produzidos anualmente para o consumo humano se perde ou é desperdiçado. Isso equivale a cerca de 1,300 bilhões de toneladas de alimentos, de acordo com a Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO).  

    “O principal papel da Gastronomia Sustentável é promover a sustentabilidade, diminuindo os danos à natureza e auxiliando na melhor distribuição de recursos por meio da produção de alimentos locais, respeito à sazonalidade dos ingredientes, compostagem para produção de hortas orgânicas, garantindo a responsabilidade socioambiental e valorização da cultura local”, explica a gastróloga e mestre em Nutrição, Karini Freire, professora do curso de Gastronomia do UNINASSAU.

    Ainda de acordo com os dados da ONU, cerca de 60% do desperdício de alimentos no mundo provém do consumo familiar. Por isso, Karine reforça como utilizar a gastronomia sustentável em simples atitudes dentro de casa podem fazer a diferença nesse panorama e, consequentemente, da fome no país. “Ela pode ser aplicada em nossa casa por hábitos simples, mas que fazem toda diferença, como: separação do lixo orgânico e inorgânico, utilizar o alimento em sua totalidade – casca, talo, semente -, cozinhar em quantidades proporcionais para cada refeição e evitar comprar alimentos antes de terminar de utilizar os que já estão na sua geladeira, de forma a evitar o desperdício”, explica.

    Os restaurantes também podem e devem focar nas novas oportunidades de sustentabilidade, como, por exemplo, adoção dos princípios da economia circular com produtores e distribuidores locais, implementação de cardápios que minimizem produtos prejudiciais ao meio ambiente, estabelecimento de parceria com outras empresas para melhor gerenciar as relações de concorrência na cadeia de abastecimento alimentar, proibição de plásticos descartáveis e promoção de energia limpa para restaurantes locais. “Com a aplicação da Gastronomia Sustentável nos restaurantes e indústrias, além de reduzir os impactos ambientais, é possível reduzir os custos, com economia de energia, aproveitamento integral dos alimentos, sistema de reaproveitamento de água e separação do lixo para compostagem, por exemplo, garantindo, também, uma consciência ambiental”, complementa a nutricionista.

    A gastronomia sustentável se preocupa com práticas que vão além dos nutrientes do alimento. Está relacionada à mudança nos impactos causados pelo consumo alimentar, o uso consciente de produtos em risco de extinção, coleta seletiva e o reaproveitamento de alimentos. “Eliminar o desperdício em todas as etapas, desde o cultivo até o consumo, é fundamental para mais pessoas terem acesso à comida de qualidade todos os dias. Por isso, enfrentar essa problemática é fundamental para avançar na luta contra a insegurança alimentar e deve ser vista como uma prioridade”, reforça Karini.

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    Universidade lança campanha Uern Pela Vida no Combate à Fome

    A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) lançou na última semana a campanha Uern Pela Vida no Combate à Fome, que visa arrecadar cestas básicas para doar a pessoas carentes e instituições filantrópicas.

    O anúncio foi feito pela reitora Cicília Maia durante a abertura da edição 2022 do projeto Uern Ação: Arte e Educação no novo polo de atividades, na Fundação Casa do Caminho, no bairro Barrocas.

    “Nós já temos alguns parceiros e fazemos o convite a cada um a colaborar. Dando um pouquinho, a gente vai conseguir ajudar muitas pessoas. Fazemos esse chamamento para a sociedade ajudar, porque essa situação de pandemia afetou muita gente, trouxe muitas dificuldades e nós sabemos que a fome tem pressa”, destacou a reitora.

    Os primeiros locais para entrega de doações são o Diretório Central dos e das Estudantes (DCE), a sede do Sindicato dos Técnicos Administrativos (SINTAUERN), a sede da Associação dos Docentes (ADUERN) e o Partage Shopping Mossoró.

    Endereços:

    – DCE (localizado no Campus Central da Uern)

    – Sintauern (Rua Machado de Assis, 344 – Centro)

    – Aduern (Prof. Antônio Campos, 24 – Pres. Costa e Silva)

    – Partage Shopping (Avenida João da Escóssia – Nova Betânia)

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    Campanha Natal Sem Fome segue arrecadando doações

    Dados divulgados nessa quinta (2) pela FAO, agência das Nações Unidas para alimentação, apontam para uma realidade em que 1 a cada 4 brasileiros está vivendo em segurança alimentar moderada ou grave. Ou seja, não sabe o que será e quando será sua próxima refeição.

    Mais de um milhão de potiguares , cerca de ⅓ da população do Estado, vivem em situação de extrema pobreza, com até R$ 89 por mês. O dado é do Cadastro Único (CadÚnico), mas pode ser confirmado em uma volta pelas ruas da capital potiguar. “Tem muita gente na rua, pedindo, porque não há outra opção para elas. A pandemia agravou o desemprego, e consequentemente, a fome”.

    A constatação é da jornalista Ludmilla Lacerda, que em abril desse ano, fundou com amigos o Coletivo Amigos Contra a Fome. O grupo já distribuiu mais de 8 toneladas de alimentos a famílias pobres de Natal e Região Metropolitana, e agora, é uma das parceiras da Campanha Natal sem Fome.
     
    Essa é a edição de número 27. O Natal sem Fome chegou a ser suspenso, quando o Brasil saiu do Mapa da Fome, da ONU. “Mas a pobreza, que já vinha voltando no nosso país, deu um salto alarmante com a pandemia”, diz ⁷Carlos Freire, diretor da ONG Avoante e coordenador da Campanha no RN. “Essas pessoas precisam com urgência da nossa ajuda, e nós, como sociedade, precisamos colocar em pauta a questão da fome no Brasil”, completa.

    A Campanha Natal sem Fome é nacional. Idealizada pelo sociólogo Herbert de Souza, Betinho, em 1993, tem como principais objetivos debater o tema, e paralelamente, arrecadar alimentos a serem distribuídos às pessoas em situação de insegurança alimentar, para que, ao menos na época do Natal, tenham comida à mesa.

    Desde o início da pandemia, a ONG Avoante em parceria com a Ação da Cidadania já entregou 18 mil cestas básicas – o que equivale a 180 toneladas de alimentos, em todo Estado. A meta estabelecida pela Ação da Cidadania para a Campanha Natal sem Fome 2021 é de 600 mil cestas básicas em todo Brasil. No RN, a estimativa é entregar no mês de dezembro 4.100 cestas básicas ou 41 toneladas de alimentos. “Em novembro, distribuímos 11 toneladas, que foram doadas pelo Assaí Atacadista. A participação de grandes e pequenas empresas é fundamental para somarmos forças nessa arrecadação. Então, deixo aqui o pedido para que todos se engajem nessa luta”, conclama Carlos.

    “Dezembro chegou, e esse é um mês em que as pessoas tendem a ficar mais solidárias. A campanha Natal sem Fome fala sobre a fábula do beija-flor, que tenta apagar um incêndio na floresta levando água no bico. Se cada um de nós virar um beija-flor, a gente consegue ao menos dar um Natal digno a muitas famílias potiguares”, explica Ludmilla.

    As doações podem ser feitas durante o ano inteiro pelo site: www.natalsemfome.org.br.

    @acaodacidadania
    @avoante_nordeste
    @amigoscontraafomern

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    Campanha Natal Sem Fome será lançada neste domingo em todo o país

    Um relatório recente da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar mostra o retrato cruel da fome no país, agravada com a pandemia de Covid-19. Mais da metade dos brasileiros, 116 milhões de pessoas, se encontram em situação de insegurança alimentar. 46,2% em insegurança moderada. E 9% vivenciam a realidade da fome. São 19 milhões de brasileiros, quase o dobro do número de 2018. Um dos pontos do relatório aponta que a pandemia afetou negativamente as condições de renda e trabalho da população em todas as regiões. Mas no Norte e Nordeste foram observados os maiores percentuais de perda de emprego, redução dos rendimentos familiares, endividamento e corte nas despesas de itens considerados essenciais.

    “No Rio Grande do Norte, a situação não é diferente. Segundo dados do CadÚnico do Governo Federal, mais de 1 milhão de potiguares vivem com uma renda inferior a R$ 89 por mês, o que claro, não garante o direito ao básico da dignidade, que é comida na mesa. Isso representa 1/3 da nossa população”, diz Carlos Freire, coordenador da ONG Avoante.

    Iniciativas da sociedade civil, espalhadas por todo o Estado, ajudam a amenizar a situação. Esse é um dos objetivos da Campanha Natal Sem Fome, idealizada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e que será lançada em todo o país no próximo domingo, dia 17.

    No Rio Grande do Norte, a ação é coordenada pela ONG Avoante e Coletivo Amigos Contra a Fome. Desde o início da pandemia as instituições juntas: Ação da Cidadania, Avoante e Amigos Contra a Fome, já distribuíram mais de 160 mil quilos de alimentos. “O Natal Sem Fome surgiu principalmente para colocar em pauta a discussão sobre o tema no Brasil, e paralelamente, arrecadar alimentos que são distribuídos às pessoas em situação de insegurança alimentar. Afinal, ‘Quem tem fome, tem pressa’, como diz o slogan da campanha”, explica Carlos.

    Esse ano, por causa da pandemia, a campanha será feita mais uma vez de forma virtual, com doações em dinheiro pelo site www.natalsemfome.org.br. Todo o dinheiro arrecadado será revertido em cestas básicas. O tema de 2021 é “Dê asas à solidariedade”, e lembra a fábula do beija-flor. Ela conta que havia um grande incêndio na floresta. Os animais , apavorados, buscavam abrigo. Enquanto isso, um pequeno beija-flor voava em direção ao rio buscando uma gota de água e jogando-a sobre o fogo.

    Uma coruja que só observava então falou:

    • Você deve ser louco. Não vê que é impossível apagar esse incêndio com uma gota de água?
      O beija-flor respondeu:
    • Eu sei, estou apenas fazendo a minha parte!

    “A fome é um problema gravíssimo, que depende de muito mais para ser resolvido. Mas se cada um de nós pensar como o beija-flor, e fizer alguma coisa, por menor que seja, o resultado vai fazer uma diferença enorme nessa luta que deve ser de todos nós”, conclui Carlos.

    CAMPANHA NATAL SEM FOME 2021
    Doações: natalsemfome.org.br