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    Estudantes de Tibau participam da maior feira de ciência e engenharia do mundo

    Duas estudantes do município de Tibau estarão representando o Brasil e o Rio Grande do Norte na Regeneron ISEF (International Science and Engineering Fair), que acontece entre os dias 11 a 17 de maio, em Los Angeles, Califórnia (EUA), considerada a maior feira pré-universitária de ciências do mundo.

    Elas foram premiadas na Mostratec (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia), que é considerada a maior feira de jovens pesquisadores da América Latina. 

    A Mostratec é a feira brasileira mais antiga que participa desse importante evento científico. Desde 1993, quando fez sua estreia, não deixou de comparecer no evento.

    Passados 30 anos, mais uma vez uma delegação de finalistas brasileiros, credenciados pela Mostratec, representará o país na ISEF. São 12 estudantes oriundos de diferentes Estados da federação.

    Conheça o projeto do Rio Grande no Norte que foi credenciado através da Mostratec:

    Sea Sponge

    Estudantes: Alice Keroly Diógenes Araúje (18) e Mayara Louise de Oliveira Silva (19)

    Orientadora: Yandra Thais Rocha da Mota

    Instituição: Escola Estadual Rui Barbosa

    A exploração petrolífera envolve atividades com alto índice de poluição que podem prejudicar a qualidade da água, do solo, do ar e, consequentemente, a qualidade de vida dos seres vivos. A dependência energética mundial pautada nessa indústria causa grande exposição a desastres ambientais nas áreas exploradas, o que torna urgente a intensificação das pesquisas em busca de uma solução nesse campo. Este projeto visa identificar e reduzir os índices de vazamentos de óleo no ambiente marinho, além de reduzir os números de resíduos orgânicos descartados indevidamente na cidade de Tibau-RN. Dessa forma decidiu-se produzir uma esponja com a finalidade de reter óleos encontrados no mar, e nas aguas residuais, e simultaneamente reutilizar a fibra do coco e o resíduo de camarão encontrado em nossa região costeira, ajudando o meio ambiente e a população em geral que sofre com essa catástrofe.

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    UFRN lança edital para mães pesquisadoras

    A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), lançou o primeiro edital voltado às mães pesquisadoras, para apoio a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. A iniciativa tem o intuito de garantir oportunidades para a progressão e permanência das mães na carreira científica, cuja trajetória sofre impactos nos anos seguintes ao nascimento ou à adoção dos filhos. A submissão de projetos está disponível até o dia 30 de abril, por meio do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa).

    “A maternidade é uma das experiências mais transformadoras da vida, mas pode se tornar um obstáculo na trajetória acadêmica e científica de uma mulher”, afirma a pró-reitora de Pesquisa da UFRN, Silvana Langassner, que acompanha esse tema há anos, inclusive o movimento Parent in Science, que tem se comprometido com a causa da equidade de gênero na academia e na ciência. De acordo com a pró-reitora, a sub-representação feminina na academia é um fenômeno amplamente documentado e persistente, que reflete desigualdades estruturais enraizadas em muitas áreas da academia, em especial em campos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

    Na UFRN, o levantamento mais recente revelou que 65% dos bolsistas de produtividade são homens, enquanto os 35% restantes representam as mulheres. Diante desse contexto, Silvana Langassner propôs à equipe da Propesq o lançamento de um edital para apoiar as mães pesquisadoras, ideia que foi acolhida e abraçada pelos servidores e bolsistas da pró-reitoria. A participação no edital é voltada às docentes da UFRN que sejam mães de crianças de até 12 anos de idade, ou de filho(a) com deficiência sem limite de idade. 

    Os auxílios serão financiados com recursos do Fundo de Pesquisa da UFRN, no valor global de R$ 300 mil. As propostas aprovadas receberão financiamento individual de R$ 30 mil. De acordo com Silvana Langassner, a iniciativa se consolida como o primeiro passo para novas ações institucionais voltadas à igualdade de gênero nas atividades acadêmicas. 

    “Como mãe e pesquisadora, eu senti muito o impacto depois que meus filhos nasceram. Foi difícil dar continuidade à vida de pesquisadora e conciliar a maternidade com a vida profissional. Por isso, precisamos de ações públicas para reconhecer o trabalho invisível que há por trás das mães e como isso vai impactar na carreira. Se não tivermos ações para impulsionar mães e pais solo, que entram na mesma categoria, sempre teremos desigualdade de gênero na academia”, defende a pró-reitora.

    Outras informações sobre a seleção estão disponíveis no edital, que pode ser acessado aqui.

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    Edital vai apoiar cientistas negros e indígenas no pós-doutorado

    O Instituto Serrapilheira lançou a segunda edição do edital exclusivo para cientistas negros e indígenas. O foco são pesquisadores que tenham projetos na área de ecologia e que desejam obter, a médio prazo, uma posição formal como professor ou pesquisador. 

    Segundo o Instituto, o objetivo é aumentar a participação desses grupos sub-representados na carreira científica.

    Podem participar pesquisadores que tenham concluído o doutorado entre janeiro de 2013 e junho de 2024, prazo que se estende em até dois anos no caso de mulheres com filhos. Os interessados não devem ter vínculo formal com nenhuma instituição de ciência e tecnologia no momento da assinatura do contrato.

    Serão selecionados até 12 candidatos. Os aprovados vão fazer pós-doutorado em grupos de pesquisa nos quais não tenham se formado nem atuado antes, nos estados das fundações parceiras do edital: Mato Grosso do Sul (Fundect), Pará (Fapespa) e Rio de Janeiro (Faperj).

    Além de bolsa mensal de R$ 8 mil, os selecionados vão receber entre R$ 550 mil e R$ 700 mil para o financiamento da pesquisa durante três anos, renováveis por mais dois anos. O pagamento das bolsas virá das fundações. Já o auxílio à pesquisa será custeado por essas entidades em parceria com o Serrapilheira.

    “Em nossa primeira chamada exclusiva para grupos sub-representados na ciência, lançada em parceria com a Faperj, selecionamos 12 cientistas negros e indígenas de excelência, e outros tantos ficaram de fora. Ficamos felizes em repetir a experiência, agora com mais FAPs parceiras e incorporando nosso aprendizado ao longo do processo”, disse, em nota, Cristina Caldas, diretora de Ciência do Instituto Serrapilheira. “Se não mudarmos a forma de seleção, cientistas negros e indígenas de excelência seguirão sendo excluídos do fazer científico, e todos os candidatos continuarão parecidos.”

    As inscrições vão de 4 de janeiro a 25 de janeiro de 2024. O Instituto Serrapilheira é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que promove a ciência no Brasil. 

    Cientistas com vínculo

    Além do edital para cientistas negros e indígenas, o Serrapilheira lançou hoje outra chamada voltada a cientistas com vínculo permanente em instituições de ensino e pesquisa e com projetos nas áreas de ciências naturais, matemática e ciência da computação.

    Ao todo, serão selecionados até 42 pesquisadores nos dois editais, que ocorrem em parceria com FAPs (fundações de amparo à pesquisa) de diferentes estados.

    Juntas, as iniciativas preveem investimento de no mínimo R$ 21 milhões, entre pagamento de bolsas e financiamento de pesquisas. O valor total, que deve crescer, dependerá da quantidade de recursos que cada FAP disponibilizará – o que, por sua vez, só será definido depois que a seleção dos candidatos estiver concluída e os estados dos escolhidos forem conhecidos.

    O objetivo dos dois editais é criar condições para jovens cientistas do Brasil desenvolverem suas pesquisas com recursos financeiros e autonomia na escolha dos projetos.

    Os editais completos podem ser acessados no site do Serrapilheira.

    Agência Brasil

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    Nova espécie de peixe das nuvens identificada no Rio Grande do Norte leva nome do presidente Lula

    Uma nova espécie de peixe foi descoberta na bacia do rio Trairi, no Rio Grande do Norte, região onde predomina o bioma Caatinga. O novo peixe recebeu o nome de Hypsolebias lulai, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O animal foi descrito por cientistas do Instituto Peixes da Caatinga, das universidades federais da Paraíba (UFPB) e do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e da Universidade de Taubaté em um artigo publicado na revista “Neotropical Ichthyology”.

    A espécie foi vista pela primeira vez em agosto de 2022 por um agricultor em um assentamento no Rio Grande do Norte, que fotografou o peixe e enviou a imagem para Telton Ramos, biólogo do Instituto Peixes da Caatinga e da UFPB. O pesquisador reuniu uma equipe e organizou uma expedição financiada pelos seguidores das redes sociais do Instituto Peixes da Caatinga para coletar amostras da espécie na região.

    Essa nova espécie de peixe pertence a um dos grupos mais ameaçados do Brasil. Chamado de “peixe das nuvens”, ele surge em poças ou lagoas temporárias formadas após a chuva, que é quando os seus ovos enterrados eclodem e sua população se restabelece. Esse ciclo de vida leva os ribeirinhos a associarem o aparecimento desses animais aos pingos de chuva das nuvens, por isso, peixes das nuvens.

    Como os seus parentes, o Hypsolebias lulai tem um ciclo de vida rápido de três meses para crescimento e reprodução antes da poça ou lagoa temporária secar e toda a população de peixes morrer. “Devido a isso, espécies de peixes das nuvens estão sendo utilizadas em estudos sobre envelhecimento humano”, explica Ramos. O Hypsolebias lulai mede cerca de cinco centímetros, apresenta um número maior de raios na nadadeira dorsal e de listras no corpo e coloração azul metálica, diferente dos parentes.

    A localização do Hypsolebias lulai chamou a atenção dos pesquisadores: o parente mais próximo dessa nova espécie está no Ceará, a cerca de 500 quilômetros de distância. Essa distância fez os pesquisadores questionarem como a nova espécie surgiu no Rio Grande do Norte. “Todos os aparentados dentro do grupo estão relacionados aos rios Tocantins-Araguaia, São Francisco e Pacoti”, diz Ramos.

    A presença de uma espécie do mesmo grupo tão longe de outras levanta algumas hipóteses sobre as mudanças dos cursos de rios, especialmente do São Francisco, ao longo de milhares de anos. “Este rio já mudou de curso várias vezes, o que explica a existência de espécies parentes em lugares diferentes. É possível que ele já tenha se conectado ao rio Piranhas, que é o mais próximo de onde a nova espécie foi encontrada, mas ainda é preciso que mais estudos sejam realizados na região”, comenta Fábio Origuela, co-autor do estudo, do Instituto Peixes da Caatinga .

    Para os pesquisadores, a nova espécie também reforça a ideia de que a Caatinga é um bioma diverso. “Falamos pouco de Caatinga. Existe a ideia de que é um local pouco diverso, seco, mas ela é riquíssima em biodiversidade”, aponta Ramos.

    A decisão de nomear o peixe em referência ao presidente Lula foi para dar mais visibilidade aos grupos de peixes das nuvens. “Estamos aquém do que deveríamos no conhecimento da diversidade e conservação desse grupo de peixes, sabemos muito pouco ainda, e o que não tem nome, não é protegido”, afirma Ramos. O grupo de pesquisadores espera prosseguir monitorando a população do Hypsolebias lulai com a ajuda de moradores da região onde foi encontrado e continuar preservando as poças para avaliar melhor o estado de conservação da espécie.

    Agência Bori

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    Governo empossa membros do Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação

    O Governo do RN empossou nessa terça-feira (06), os membros do Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Coneciti). O Coneciti tem a atribuição de formular, acompanhar, analisar e deliberar sobre a Política Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do RN (PEDCT/RN).

    O Coneciti foi instituído pela Lei Complementar 118, de 30/12/1993, mas só agora está sendo efetivado por decisão da atual gestão e aprovação da Lei complementar 716, de 30/06/22. É constituído por 21 titulares e 21 suplentes, com mandato de dois anos. A presidência é da governadora do Estado, Professora Fátima Bezerra; a vice-presidência é do secretário da SEDEC, Jaime Calado e a Secretaria Executiva será exercida pelo diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do RN (Fapern), Gilton Sampaio.

    O Coneciti vai atuar em conjunto com o Conselho Técnico da Fapern, cuja função é apreciar projetos e programas específicos que possam ser apoiados e/ou fomentados pela Fapern com recursos do Fundo Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNDET).

    “Tenho a honra de presidir este importante conselho que é um passo ousado, inovador, instância estratégica e importante para o desenvolvimento”, afirmou a governadora no ato de posse. Ela registrou que o Coneciti “é resultado de ampla discussão com a sociedade, empresários e universidades, somando esforços pelos desenvolvimentos econômico e social, e da Educação do Estado, o que, inclusive irá consolidar o Parque Tecnológico do RN, o Pax, em Macaíba”.

    Diretor do Pax, Olavo Bueno disse que a efetivação do Coneciti é momento ímpar para o RN. “Trabalho de muitos anos da gestão Fátima Bezerra que acreditou e investiu para que se tornasse realidade, inclusive com aprovação de lei específica, que assegura também financiamento e traz dinamização para o setor e para economia como um todo”. Olavo Bueno pontuou que o PAX, onde o Governo do Estado investiu R$ 12 milhões, será beneficiado e contribuirá para transformar o RN na estrela do desenvolvimento científico e tecnológico do Nordeste e do Brasil”.

    Diretor da Fapern, Gilton Sampaio considera que “o RN dá passo largo no âmbito da ciência que terá ampla repercussão na economia, na empregabilidade e na renda das pessoas”.

    O reitor em exercício da UFRN, Ênio Ferreira, disse que a instituição está à disposição do Governo do RN para apoiar o desenvolvimento da ciência e tecnologia no Estado. Já a reitora da UERN, Cicília Maia reforçou compromisso com as ações em prol do desenvolvimento do Estado, “principalmente neste momento importante do País. Tenho certeza que vamos fazer excelente trabalho por que o Governo Federal está de portas abertas para a educação, para a ciência e para a tecnologia”.

    Líderes do setor privado integrantes do Coneciti também externaram seus compromissos. Djalma Barbosa, diretor da Fiern, destacou a inclusão massiva da classe produtiva no Conselho e disse que os empresários apoiam a iniciativa. Zeca Melo, superintendente do Sebrae, colocou a instituição à disposição para ampliar parcerias já existentes e firmar novas cooperações.

    O amplo entendimento realizado para a definição do Coneciti foi assim delineado pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado: “investir em ciência, tecnologia e inovação faz a diferença. É isso que faz o Governo do RN, ouvindo as universidades, empresários e instituições para definir políticas de Estado, como é resultado este Conselho. Criamos a política estadual e o sistema de ciência, tecnologia e inovação. Agora, empossamos os representantes das instituições que irão trabalhar em convergência pelo crescimento econômico e social do Rio Grande do Norte”.

    O ato de posse contou ainda com a presença do Procurador Geral do Estado em exercício, José Duarte Santana; diretor-geral da Emparn, Rodrigo Maranhão; presidente da Federação dos Municípios (Femurn) e prefeito de Lagoa Nova, Luciano Santos; representantes da UFRN, UERN, UFERSA, IFRN, Instituto Santos Dumont, Fecomércio e Faern.

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    Pesquisadores da UFRN patenteiam tecnologia que pode ser usada como veias artificiais

    A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) receberam no último dia 16 o patenteamento de nova tecnologia que pode ser empregada no desenvolvimento de próteses para implantes ósseos, neurais (sistema nervoso periférico) e vasculares, com boa capacidade de promover a regeneração de vasos sanguíneos, angiogênese e adaptação biomecânica aos tecidos nativos. Esses possíveis componentes artificiais, após promoverem o crescimento e proliferação celular do tecido local, são substituídos totalmente pelo tecido nativo com a reconstituição e simultânea decomposição em ambiente biológico no corpo do paciente. O grupo de autores da descoberta é formado por Rógerson Rodrigues Freire Ramos, José Daniel Diniz Melo e Eliton Souto de Medeiros.

    Rógerson esclarece que o dispositivo criado trata de componentes empregados no processo de fabricação de nanofibras por meio da técnica de fiação por sopro em solução. “A patente não é a prótese nem o implante, que fique claro. O objeto da concessão é um processo capaz de conformar nanofibras em túbulos, como canudinhos, fabricados com materiais bioreabsorvíveis que podem vir a ser utilizados como veias artificiais. Então, você está com algum problema vascular, uma veia entupida no coração, ao invés de tirar a ponte de safena da perna, utiliza-se esse tubinho, que pode se adequar às dimensões de qualquer componente do sistema vascular, reduzindo o número de intervenções cirúrgicas necessárias para o tratamento do paciente, que teria o vaso sanguíneo reconstituído totalmente com o crescimento celular do tecido natural, e decomposição in situ da prótese”, explica Rógerson Ramos.

    O pesquisador pontua que, durante o estudo, foi feita a análise mecânica dos canudinhos, que puderam ser produzidos com uma variedade de dimensões, capazes de se encaixar em qualquer componente do sistema vascular. Hoje professor do Departamento de Engenharia Têxtil da UFRN, Ramos pontua que foram desenvolvidos uma matriz de fiação, com múltiplos bicos de alimentação e um coletor intermediário de formato cônico. As estruturas são criadas a partir daí, com movimentos de rotação para que se adquira a forma helicoidal das nanofibras ao longo da estrutura tubular. 

    “Esses dispositivos, aliados a etapas posteriores de extração e tratamento térmico, proporcionam a obtenção de estruturas tridimensionais com boa estabilidade mecânica e capacidade de adaptação morfológica. Isso significa que, ao fim do processo, a prótese é degradada totalmente e eliminada por rotas metabólicas sem que haja prejuízo ao paciente, permanecendo o tecido natural reconstituído”, relata Rógerson. Na época em que aconteceu o depósito do pedido de patente, em 2017, o professor era doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UFRN, enquanto que os testes ocorreram no Laboratório de Materiais e Biossistemas, vinculado à Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da UFPB.

    Orientador da pesquisa, José Daniel Diniz Melo situa a importância do dispositivo pela sua capacidade de produzir materiais nanoestruturados, tridimensionais, com boa estabilidade dimensional e controle morfológico refinado. Esse domínio é baseado numa disposição fractal, ou seja, que se repete desde as interconexões nanométricas entre as fibras, passando pela microestrutura até o aspecto visual macro, perceptível a olho nu. 

    Atualmente reitor da UFRN, Daniel Diniz acredita que a busca pelo patenteamento dentro do âmbito acadêmico estimula nas instituições de ensino e pesquisa o desenvolvimento de novas tecnologias por meio da proteção à propriedade intelectual, “o que vai fomentar o interesse dos alunos por investigações científicas e contribuir para o desenvolvimento tecnológico nacional, a formação intelectual e a capacitação profissional da população acadêmica”, cita.

    Pesquisa que não para

    Nessa perspectiva, atualmente estão sendo desenvolvidos, no Laboratório de Nanofibras (Lanan), do Departamento de Engenharia Têxtil da UFRN, novos dispositivos para produção de materiais nanoestruturados com diversas aplicações envolvendo a área médica. Entre esses está a produção de scaffolds para reconstituição celular de tecidos biológicos e curativos com liberação controlada de fármacos, além da área tecnológica, como filtros para tratamento de efluentes com capacidade de adsorção de corantes e metais pesados.

    “Desse ativo de que estamos recebendo o patenteamento definitivo agora, existe um protótipo que hoje é utilizado como base para o estudo de novas tecnologias em fabricação de materiais nanoestruturados, além da sequência e melhoria das estruturas tubulares obtidas até aqui”, descreve Rógerson. Ele acrescenta ainda a possibilidade de incorporação de fármacos para liberação controlada como antibióticos e anti-inflamatórios, além de óleos e extratos essenciais, ampliando assim a capacidade terapêutica e o universo de aplicação desses produtos.

    Patenteamento

    A concessão recebida por Rógerson Ramos, Eliton Medeiros e Daniel Diniz recebeu o nome de Sistema de produção de mantas tubulares não tecidas a partir de micro e nanofibras obtidas por fiação por sopro em solução. Patente é um direito exclusivo sobre uma invenção ou criação industrializável, concedido por órgão público oficial – no caso do Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). 

    A concessão da patente significa que o Instituto reconheceu o ineditismo da pesquisa, bem como sua aplicação industrial e atividade inventiva. Ter a patente de uma nova tecnologia significa ter o direito de impedir terceiros de a produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar o produto objeto de patente ou processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado sem o seu consentimento.

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    4ª edição do projeto Afrocientista será lançada nesta quinta-feira (11) no Youtube

    A Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN) realiza, nesta quinta-feira (11), o “VI Webinário Afrocientista: espaços de produção e divulgação de conhecimento científico”, que marca o lançamento da 4ª edição do Projeto Afrocientista. A iniciativa, apoiada pelo Instituto Unibanco, visa promover a iniciação científica entre estudantes negros e negras matriculados em escolas de Ensino Médio. O evento será transmitido ao vivo, a partir das 20h, pelo canal Projeto Afrocientista no YouTube.

    Desenvolvido em Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (NEABs), Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABIs) e Grupo Correlatos nas universidades e institutos federais brasileiros, o Afrocientista atua a partir de pilares que envolvem a iniciação às práticas e instrumentalização sobre o fazer ciências na perspectiva afrocentrada, além da formação para a cidadania. Iniciado em 2019, o Afrocientista já envolveu 464 bolsistas da Educação Básica, 36 bolsistas da Graduação e registrou outras 159 contribuições voluntárias. Neste ano, o projeto foi ampliado para 13 núcleos e grupos correlatos, contemplando todas as regiões do país. Além disso, contará com o maior número de bolsistas desde a sua primeira edição.

    Segundo Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, a longevidade do projeto, além de positiva, é fundamental para a promoção da equidade racial na educação. “A cada edição, o projeto permite que mais estudantes tenham contato com a iniciação científica e com a academia, possibilitando a eles o desenvolvimento de novas competências e o desenho de novos caminhos em sua trajetória educacional. Além disso, levar o debate étnico-racial, previsto em lei, para a academia é essencial para que possamos avançar na promoção de uma educação mais justa e equânime”, afirmou.

    Durante o evento online, será lançado também o 15° volume, uma edição especial da Revista da ABPN, periódico da Associação que tem como objetivo principal dar visibilidade às discussões sobre relações raciais a partir da produção de pesquisadores(as) e intelectuais negros(as), além de pessoas comprometidas com a promoção da equidade racial e a produção de conhecimento sobre África e diásporas africanas, em escalas nacional e internacional. A publicação, que traz o Caderno Temático “Afrocientista: juventudes negras e a educação científica pautada nas questões étnico-raciais”, reúne onze artigos e uma entrevista com Ricardo Henriques. Para conferir, basta acessar este link.

    Serviço

    IV Webinário Afrocientista: espaços de produção e divulgação de conhecimento científico Quando: 11/5, às 20h

    Transmissão ao vivo: https://www.youtube.com/watch?v=ioxsbfH2VmM

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    Entidades manifestam preocupações sobre Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

    As entidades que compõem a Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento Brasileiro (ICTPBr) encaminharam à titular do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, carta em que apresentam preocupações, inquietação e incômodo em relação a assuntos da pasta.

    Entre as entidades que compõem a ICTPBr estão Academia Brasileira de Ciências, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a associação que reúne os reitores das universidades federais (Andifes).

    Uma das preocupações registradas no documento é sobre “a vagarosidade do ritmo de nomeações na pasta e a possibilidade de utilização de alguns cargos para acomodações especialmente partidárias” de siglas sem histórico de atuação em favor da ciência brasileira.

    Outra preocupação se refere à necessidade de envio de projeto de lei ao Congresso Nacional com vistas à recomposição do Fundo Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico, FNDCT, “bastante prejudicado pelas políticas de contingenciamento impostas pelo governo anterior”.

    Por fim, as entidades afirmam que “grande parte da comunidade científica e acadêmica demonstrou grande inquietação e incômodo” com o fato de uma empresa fabricante de armas ter conseguido “aprovação de um projeto submetido à Finep para captar cerca de R$ 178 milhões”. A Finep – Financiadora de Estudos e Projetos é vinculada ao MCTI. “É necessário rever uma estratégia voltada para um segmento da indústria bélica brasileira, mais notadamente fabricante de armas, porque ela não condiz com os discursos e a postura política do novo governo”, diz o documento.

    A carta foi enviada ontem à ministra Luciana Santos, e na tarde desta quinta-feira, 23, se tornou de conhecimento público.

    Segue abaixo a íntegra do documento.

    Brasília, 22 de março de 2023.

    Exma. Senhora,

    Luciana Santos

    Ministra de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação. República Federativa do Brasil

    Assunto: nomeações no MCTI, orçamento do FNDCT e empréstimo a empresa do setor armamentista

    Senhora Ministra,

    Já nos aproximamos do final do primeiro trimestre do ano e as entidades que compõem a Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento Brasileiro (ICTP.Br) estão preocupadas com a vagarosidade do ritmo de nomeações na pasta e a possibilidade de utilização de alguns cargos para acomodações especialmente partidárias, atendendo a siglas que não contam com um histórico de relações/ou defesa do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – SNCTI e de suas principais instituições.

    Outra grande preocupação das entidades diz respeito, também, aos encaminhamentos necessários à recomposição do orçamento do FNDCT, bastante prejudicado pelas políticas de contingenciamento impostas pelo governo anterior. Por esta razão, é necessário que o envio de um Projeto de Lei ao Congresso Nacional seja feito com a maior celeridade possível. Sabemos que o volume de recursos a ser recuperado, somado ao que será arrecadado neste ano de 2023, imporá uma capacidade de execução extraordinária, variável esta que pode ser prejudicada pela exiguidade do tempo e escassez de grandes estratégias e projetos.

    Por fim, grande parte da comunidade científica e acadêmica demonstrou grande inquietação e incômodo ao receber, pela grande imprensa, a notícia que uma empresa de porte, fabricante de armas, conseguiu a aprovação de um projeto submetido à Finep para captar cerca de R$ 178 milhões. As entidades da ICTP.Br reconhecem que a parcela dos recursos reembolsáveis do FNDCT deve ser empregada para investimentos em empresas que submetam projetos de P&D e passem pelo crivo da avaliação da FINEP. Porém, é necessário rever uma estratégia voltada para um segmento da indústria bélica brasileira, mais notadamente fabricante de armas, porque ela não condiz com os discursos e a postura política do novo governo, indo completamente de encontro às iniciativas de desarmamento e limitação por parte da sociedade civil da aquisição e posse de armas. Tal escolha destoa, por completo, dos valores que devem nortear a ciência e a tecnologia, cujo sentido no mundo atual tem de ser o da construção e não o da destruição, o da vida e não o da morte – ainda mais quando esse valor é concedido num momento em que ainda não se viram recompostos orçamentos importantes para as áreas de ciência e educação, os quais, por sua vez, são decisivos para reintegrar o Brasil no círculo virtuoso em que inteligência e inclusão social cooperam com resultados altamente positivos.

    Compreendemos que o Ministério se encontra em um momento de ajustamentos e construção de novas diretivas, entretanto achamos importante apontar alguns pontos essenciais que nos têm deixado preocupados, no sentido de contribuir com a nova gestão e seus propósitos. Desejamos sucesso à frente do Ministério. Estamos à disposição para colaborar e cooperar.

    Entidades:

    Academia Brasileira de Ciências (ABC); Associação Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais e Municipais (Abruem); Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap); Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies); Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif); Conselho Nacional dos Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti); Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas & Sustentáveis (Ibrachics); Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

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    Habitat Marte convoca novos astronautas análogos para missão de simulação espacial

    A estação de pesquisa Habitat Marte está convocando os interessados em participar da missão de simulação espacial que acontece entre os dias 23 e 25 de janeiro. As atividades acontecem na sede do projeto, que fica na zona rural do município de Caiçara do Rio do Vento, no semiárido potiguar.

    Esta será a missão número 113 da estação. Desde dezembro de 2017, o Habitat Marte desenvolveu mais de 100 protocolos que simulam uma estação espacial e como os seres humanos poderiam sobreviver em condições extremas em um outro planeta. O projeto desenvolveu estufas, centrais de saneamento, engenharia, saúde, eletricidade e lançamento de foguetes. 

    Ao longo de cinco anos, mais de 600 voluntários de 39 nacionalidades foram treinados como astronautas análogos, prontos para desenvolver atividades diversas, tais como manutenção dos sistemas de estufa e aquaponia, recolhimento de amostras de solo e minerais, avaliação comportamental dos integrantes da missão e melhoria dos sistemas de suporte a vida no local. Não há riscos envolvidos, mas todos os participantes interagem como se estivessem realmente em solo marciano, usando, inclusive, roupas e capacetes de astronautas.

    Os candidatos podem ser estudantes ou pesquisadores de todas as áreas do conhecimento. A inscrição pode ser feita na página do Habitat Marte, onde o interessado deve responder questões sobre habilidades, motivação e experiências prévias.

    Mais informações, com o professor Julio Rezende, coordenador do projeto, pelo WhatsApp 84 99981-8160.

    Foto: Julio Rezende

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    Parque Científico de Macaíba chega à etapa final de sua implantação

    A implantação do Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo (PAX), em Macaíba, uma das maiores ações do Governo do Estado em andamento, chegou à etapa final, tendo o avanço das obras físicas em compasso com a formação da personalidade jurídica da entidade.

    Enquanto os serviços de reforma, climatização, instalações elétricas, hidráulicas e de sistema de combate a incêndio nos Blocos C e D do prédio central do PAX chegaram a 88,97% de execução, os da infraestrutura física para o funcionamento do Parque (cercamento e infraestrutura externa deste prédio central, mais estacionamento e instalação de uma subestação) e a construção de uma Estação Elevatória para o abastecimento de água, atingiram 76,91%.

    Os percentuais foram coletados durante vistoria no local realizada pelo coordenador do Projeto Governo Cidadão, Gustavo Coêlho, secretário de Estado da Infraestrutura (SIN). “Teremos aqui startups, pesquisadores, empresas e estudantes produzindo ciência e tecnologia, promovendo o desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Norte, o que é meta do Governo do Estado”, afirmou Coêlho, sobre a ocupação do prédio central que terá quatro blocos, 33 salas, espaços para coworking e incubadoras, além de um restaurante e áreas de convívio.

    Aliada a estes avanços físicos, está a formação legal da instituição. O Parque teve a aprovação do estatuto, primeira composição do Conselho de Administração com escolha da presidência, eleição do Conselho Fiscal, aprovação do Regimento Interno e escolha do Diretor-Presidente durante assembleia realizada no dia 11/10.

    Na ocasião, o coordenador de Desenvolvimento Industrial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Olavo Bueno Oliveira, foi eleito diretor-presidente do PAX, e a professora Ângela Paiva, assessora especial da UFRN para o PAX, foi escolhida por unanimidade para ocupar a presidência do Conselho de Administração da entidade. 

    Ambos acompanharam a vistoria desta sexta-feira no PAX, onde os recursos estaduais investidos totalizam R$ 12,3 milhões, viabilizados pelo Governo Cidadão e pela SEDEC, junto ao empréstimo estatal com o Banco Mundial. As obras estão sendo fiscalizadas pela SIN e deverão estar prontas até o fim deste ano.

    O PAX

    O terreno onde está o Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo foi cedido pela UFRN ao Governo do Estado para as adequações estruturais necessárias ao projeto em setembro de 2021. A área que compreende o PAX tem 50 hectares, conta com 15 mil m² de área construída na Fazenda Jundiaí, zona rural do município de Macaíba.

    O prédio sede do PAX ficará vizinho ao Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), uma das duas unidades do Instituto Santos Dumond, Organização Social (OS) vinculada ao Ministério da Educação (MEC) que atua nas áreas de saúde materno-infantil, da pessoa com deficiência, neurociências e neuroengenharia.

    A parceria para viabilizar o parque envolve o Governo do Estado, por meio do Projeto Governo Cidadão, SEDEC, Universidade Estadual do RN (UERN) e Fundação de Apoio à Pesquisa (Fapern), mais a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Semiárido (Ufersa), Instituto Santos Dumont (ISD), Sebrae, Sesi-RN, Instituto Federal do RN (IFRN), Centro de Tecnologias do Gás e Energia Renováveis (CTGAS-ER), Federação das Indústrias do RN (FIERN), Fecomércio, Senai. As prefeituras de Natal, Macaíba, São Gonçalo e Parnamirim também estão envolvidas.

    Foto: Rosilene Pereira

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    Programa Futuras Cientistas abre inscrições nesta segunda-feira

    A partir do ano que vem, o programa Futuras Cientistas chegará a todos os estados do país e ao Distrito Federal. Serão ofertadas 470 vagas para alunas do 2º ano do ensino médio e para professoras da rede pública. As inscrições podem ser feitas a partir de hoje (19) e vão até dia 10 de outubro, pela internet.

    O objetivo do programa é inserir meninas e professoras nas ciências. O Futuras Cientistas tem quatro módulos, o primeiro deles, sempre no período de férias escolares. As participantes têm acesso a laboratórios de pesquisa e conhecem de perto o cotidiano de cientistas. Elas recebem um auxílio de R$ 483.

    A imersão será promovida em 25 estados brasileiros dos dias 3 a 31 de janeiro. As exceções são os estados do Acre, com atividades programadas de 20 de janeiro a 17 de fevereiro, e do Pará, de 6 a 24 de fevereiro; considerando o calendário letivo das duas unidades federativas.

    Das vagas disponíveis, 160 são destinadas a alunas matriculadas em escolas regulares, 160 a estudantes de tempo integral, semi-integral ou do ensino técnico. As docentes contarão com 150 vagas e, no escopo geral, 10% das vagas são destinadas preferencialmente a pessoas com deficiência.

    O Futuras Cientistas é um programa do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Em 10 anos de existência, 205 alunas e professoras das redes públicas de ensino da Paraíba, de Pernambuco e de Sergipe passaram pelo programa.

    Agência Brasil

    Foto: Tomaz Silva

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    Astrofísico da UFRN integra equipe que descobriu exoplaneta coberto por água

    Um grupo internacional de astrofísicos anunciou, neste mês, a descoberta de um exoplaneta coberto de água e distante o suficiente de sua estrela que até permite supor a existência de vida nele. Localizado a 100 mil anos-luz de onde estamos, o TOI-1452b está sendo chamado de “super-Terra” ou “planeta-oceano” devido às suas características. Para o astrônomo José-Dias do Nascimento, representante da UFRN no estudo que resultou no achado, descobertas como essas representam um importante passo no entendimento da diversidade cósmica e ensinam quão raro podem ser os parâmetros vitais encontrados aqui na Terra.

    Líder do Grupo de Estrutura, Evolução Estelar e Exoplanetas (Ge3), do Departamento Física Teórica e Experimental (DFTE/UFRN), e pesquisador do Center for Astrophysics, de Harvard (EUA), Dias explica que o TOI-1452b tem 1.67 vez o raio da Terra e uma órbita de 11 dias em torno de uma estrela anã M. A descoberta foi possível graças ao SPIRou, instrumento caçador de novos mundos que utiliza a luz no infravermelho do Telescópio Canadá – França – Havaí Telescope (CFHT), instalado no cume da montanha Maunakea, no Havaí (EUA). O trabalho e as especificações desse corpo celeste foram publicados no centenário periódico The Astronomical Journal.

    “O TOI-1452b é provavelmente um planeta rochoso como a Terra, mas seu raio, massa e densidade sugerem um mundo diferente do nosso”, disse José-Dias. De acordo com o astrônomo, a água pode representar 22% de sua massa, uma proporção semelhante à das luas de Júpiter – Ganimedes e Calisto – e das luas de Saturno – Titã e Encélado.

    José-Dias do Nascimento, pesquisador representante da UFRN na descoberta – Foto: Arquivo pessoal

    Por outras vezes chamado de “mundo da água”, o TOI-1452b já é considerado um dos alvos principais para a caracterização atmosférica futura com o James Webb Space Telescope (JWST) e para análise através de espectroscopia de transmissão. O sistema está localizado próximo da zona de observação contínua do JWST, o que significa que pode ser seguido em praticamente qualquer momento do ano. “O TOI-1452b é ainda um sistema único quando se estuda exoplanetas na transição entre super-Terras e mini-Netunos”, conta José-Dias.

    O astrônomo da UFRN e seu time (Ge3), que estudam a evolução das estrelas, sua estrutura e exoplanetas, têm trabalhado na caça de planetas extra solares, entre outros temas, e possuem várias descobertas publicadas nos últimos anos. O novo achado soma-se aos anteriores, descobertos pelo grupo, como o TOI-257b (HD 19916) e o Saturno quente TOI 197b.

    “Esta é uma descoberta importante para nosso grupo na UFRN, pois, em pouco menos de três anos, estamos anunciando o quarto exoplaneta com nossa participação. O anterior foi o TOI-257b, que é um exemplo do que chamamos de ‘sub-Saturnos’, planetas maiores que Netuno e menores que Saturno. Agora estamos revelando uma super-Terra. Esses astros são ausentes na arquitetura do nosso Sistema Solar, apesar de possíveis”, disse José-Dias.

    Em lições aprendidas com os exoplanetas, José-Dias do Nascimento afirma que o universo é um lugar peculiar e diverso, com muitos tipos de corpos celestes. “Existem os sub-Saturnos, as super-Terras e os mini-Netunos. Esses não existem no nosso quintal, o Sistema Solar, e descobertas assim revelam a diversidade cósmica residual”, reforça. O pesquisador da UFRN adianta que dados mostram ainda resultados que devem seguir nos próximos artigos, já que o instrumento SPIRou é único no mundo que vai além de um caçador de exoplanetas, pois é também um caracterizador do magnetismo estelar.

    As super-Terras

    Uma super-Terra é um planeta extra-solar com uma massa maior do que a da Terra, mas substancialmente inferior à massa dos gigantes de gelo do Sistema Solar: Urano e Netuno. Podem ser feitos de gás, rocha ou uma combinação de ambos. Eles têm entre o dobro do tamanho do nosso astro e até 10 vezes a sua massa. 

    O termo “super-Terra” refere-se apenas à massa do planeta e, portanto, não implica nada sobre as condições de habitabilidade. Esses rochosos são abundantes em nossa Galáxia e são ainda os mais prováveis ​​de serem habitáveis. Entender melhor sobre sua estrutura interior tem ajudado a prever, por exemplo, se diferentes planetas são capazes de gerar campos magnéticos – considerados fundamentais para a sobrevivência.

    SPIRou: o caçador de Exoplanetas 

    SPIRou (InfraRed SpectroPolarimeter) é um instrumento astronômico especializado em observações no infravermelho próximo e projetado para detectar e caracterizar sistemas exoplanetários vizinhos do nosso Sistema Solar, além de observar o nascimento de estrelas e planetas. Instalado no Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT) desde o início de 2018, já realizou muitas detecções. 

    Outros instrumentos em construção devem aparecer após o SPIRou, embora este tenha sido o primeiro a observar e utilizar a espectroscopia no infravermelho para “ver” mais longe. O projeto intitulado Exploração dos Novos Mundos é parte das ações do Observatório Midi Pyrenees, da Universidade Toulouse III – Paul Sabatier, com colaboração da UFRN.

    O SPIRou é gerido no âmbito de um consórcio internacional liderado pela França, associado ao CFHT, Canadá, Suíça, Brasil, Taiwan e Portugal. Localizado em um dos melhores sites astronômicos do mundo, o instrumento saiu na frente e mostra o caminho para outros telescópios. “O SPIRou é hoje um instrumento-chave em funcionamento e deve continuar mostrando a rota por mais uma década”, complementa o pesquisador José-Dias.

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